Nome: Elaine - Apelido: Bombom - Cognome: Saudade



13 de abril e chove levemente em Porto Alegre. É noite de outono e começo a escrever às 22h57. Segunda-feira. Dia de distrações com serviços de banco, que vinha adiando há quase 30 dias devido ao isolamento social em decorrência da pandemia da covid-19. [Gosto desta termologia, mas não do vírus, obviamente]

Passei o feriadão lembrando a data de hoje. Mas adiei “essa conversa” até agora. Hoje marca a passagem da minha mãe pro plano espiritual. Quatro anos. Lembro da minha vida mudar horrivelmente, pela segunda vez. Mas não estou pronta para falar disso, ainda.

Vou discorrer sobre o primeiro momento...

Eu sou uma guria fantasiosa. E como toda fantasia, ela gera expectativas. E ansiedade. E medo. E dor. Na minha juventude ficava imaginando como seria a vida sem meu pai. Como faria para seguir em frente sem o apoio dele. Mas logo afastava os pensamentos nefastos. Pra que sofrer antecipadamente e sem motivos? O paiaço vendia saúde. Era um guri, como ele mesmo costumava dizer.

No próximo dia 17 serão 10 anos que esse guri foi fazer graça em outro picadeiro. E eu, na falsa maturidade dos meus 35 anos, vi o chão rachar, mas não senti a queda, de tão grande era a dor daquele momento. Dilacerante! Vai além do físico da gente, por que uma hora o corpo acostuma com aquela vibração e amortece.

Essa dor não; alcança a alma. E demora a passar. Não tem prazo de validade.

Eu, uma virginiana nata, logo expus minha versão “dominatrix” e pragmática da vida. [Mas também chorei muito, sozinha] Contei o tempo, na esperança de tentar vencer a dor e ganhar na lógica sobre um sentimento de perda. A perda de um amor grandioso e recíproco. Foi em vão, errei ao tentar usar o tempo ao meu favor. Três longos anos foram necessários para que a ausência de um pai protetor e amoroso fosse superada.

Meu paiaço morreu e depois do choque, seguido de uma raiva sem precedência, eu aprendi a rezar. Com o coração. De verdade. E a crer em muitas coisas, inclusive em mim [e também sob o ponto de vista que meu próprio pai acreditava]. E veio à tona a saudade, com as lembranças alegres; os ensinamentos; os defeitos únicos que construíram a sua personalidade; e as semelhanças de comportamento que caracterizam um Araújo raiz.

Quem ainda não sabe, eu tenho um apelido: Bombom! Acho lindo e gostoso de pronunciar e ouvir. Não mudaria por nada essa alcunha. Embora, hoje, depois da mãe, da Elenara e da Jana, também atenderia pelo cognome Saudade.

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