Falar e sair andando
O sol tem brilhado com pouca intensidade nos
últimos dias. É outono. E o astro rei anda aquecendo outro hemisfério... E
juro, nunca pensei que sentiria falta da primavera, estação que anuncia a
chegada do calor.
Mas, sei, ainda tenho um inverno inteirinho
pela frente. Dias frios e cinzas, que remetem a gente há tempos passados,
emoções fortes, lembranças, saudades... Tudo que queria evitar nesses primeiros
meses de ausência da minha velhinha.
Sim, ela agora é minha estrela guia. Está viva
somente na minha memória e no meu peito. Por isso o coração agoniado. Apertado.
Saudoso e ainda incrédulo. Não há um só
dia que não me venha algo que remeta a ela. Confesso que não está sendo fácil sorrir.
Queria poder chorar todas as dores dessa perda.
Secar as lágrimas e seguir a vida. Tipo falar e sair andando, entende?
Devia ter alguém que pudesse dizer como se faz
para amenizar a dor, quando a mãe da gente se despede. Pois elas não nos
preparam para isso. É a única coisa que não nos ensinam. Explicam como nos
comportar em público, nos educam, ensinam a cozinhar, nos apóiam nas nossas
escolhas profissionais, criticam nossas amizades e amores, mas esquecem de nos
preparar para a sua morte.
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