Diarista com glaucoma





Nos últimos 20 e poucos dias minha vida pouca coisa mudou. Ou nada! E, inclusive, penso que estou me tornando previsível. E, ao que me parece, não vai ser no inverno que esta rotina que vou lhe apresentar irá se alterar. Mas não entenda essas palavras como desânimo ou pessimismo. Elas se tornarão agora apenas um relato simples da realidade de uma mulher comum, de quase 37 anos, sem filhos, solteira, formada em jornalismo, desempregada, por hora diarista do condomínio onde mora, gorda, com glaucoma no olho direito, em abstinência sexual e tutora de dois gatos.

Vamos lá! O bom de se ter compromisso, seja qual for, é impor responsabilidade, horário, ter mobilidade e, de quebra, dinheiro. Meu amigo Peterson disse-me ontem que se a grana dá para pagar a cachaça e financiar uma viagem ao ano para a Bahia, já vale o esforço físico. Como sou cachaceira e sempre quis viajar muito, concordei com ele. O único problema mesmo é que nunca gostei das lidas domésticas. Mas sei fazer. Não! Não sei não. Vejo uma sujeirinha e enquanto não consigo tirar aquela porqueira, não descanso. E não dá para ser assim. Eu sei! Tenho que aprender a tapear... Economiza tempo e esforço, claro.

Mas o que mais me irrita nessa rotina de diarista é a falta de consciência ecológica alheia. Pôxa, custa esse povo relaxado colocar as garrafas pets numa única sacola, enrolar os vidros em jornal para sinalizar aos lixeiros e colocar todos os papéis e papelões juntos e longe do lixo orgânico? E as latinhas de refrigerantes e cerveja, então? Lavar as caixas de tetra park de leite e sucos, além de fechá-las como indica na própria embalagem? Não dá para acreditar que o povo do Jimbalaya gosta de se dizer culto, inteligente, conhecedor de leis, do regimento interno, mas o papel simples de cidadão ninguém sabe fazer. Poderíamos ser, todos, “sócio-economicamente” e “ambientalmente” corretos. Fico lívida da cara, para não dizer outra coisa, quando ponho os lixos para a rua e percebo esses maus hábitos.

É assim todas as segundas, quartas e sextas-feiras. Já nas terças, quintas e sábados, vou à academia e fico tipo desenho animado na esteira. Sabe quando o Urubu, o gato, o cão ou o pássaro ficam com os olhos grilados ao verem a ilusão de um frango assado na sua frente? Então, a minha motivação é outra. Mas funciona muito bem... Fico ali, caminhando apressada, suando, contando os minutos para acabar aquela agonia, até que o Sérgião ou o Cesão ou o Gersão, não sei ao certo, aparece a minha frente. De repente, a língua cai pra fora da boca e fico babando. O coração agitado aproveita o canal aberto e salta pela boca. Já os olhos brilham arredondamente gigantes. Logo, passo a correr na esteira como se quisesse alcançar aquele deus ébano, que me diz, apenas: “Tudo bem aí dona Moça?”

Não respondo. Apenas faço um esforço sobrenatural para que meus sentidos voltam ao normal de uma caminhada na esteira, simplesmente, e exponho o mais close up dos sorrisos. Mas não consigo disfarçar. Dá para ver que ele percebe minha admiração, tolamente adolescente [redundante, eu sei...] ao dizer, em seguida, que “está dando para cansar” a série que ele prepara pra mim. Seria mais simples se desenvolvesse esse amor platônico pelo Tiago, o instrutor da tarde. Mas não seria por um personal “franzino”, loiro, com cara de bom moço, que iria me sentir caidinha. Não, não!

De resto segue tudo normal. Continuo pingando colírio, para reduzir a pressão em um dos olhos, a cada 12 horas; lavando o rosto ao acordar; escovando os dentes e não penteando os cabelos ao menos uma vez ao dia e comendo. Essa última ação não vou desenvolver muito. Apenas direi que engordei, aproximadamente, dois quilos e meio ao invés de emagrecer. Também não sei o que vou dizer a minha nutricionista na próxima quinta-feira. Talvez ponha a culpa na musculação. Isso! Boa desculpa essa. Ou não...

E para finalizar o monólogo e começar bem a semana, vos digo que, talvez, esteja pronta para por fim a minha abstinência sexual. Depois de um tempo discutindo com meus diversos Eu’s sobre o Certo e o Errado, a Moral e os Bons Costumes, e a porra do tesão reprimido, e chegar a lugar nenhum, estou quase optando em voltar ao meu comportamento de “Mulher solteira procura, e daí?”. E nisso está incluído gastar as camisinhas do postinho de saúde com sexo casual, ao invés de apenas com sexo solitário. Tem coisas que apenas os meninos sabem fazer [e gostam], com maestria. Bronha é uma delas. E com eles deve continuar o mérito.


Portanto, vamos ver se ao menos no campo sexual eu consigo quebrar essa rotina. Pronto! Era o que tinha para hoje...

Comentários

Afrodite disse…
kkkkkkkk
Eu gostei e apoio o último parágrafo!Tem mesmo que mandar ás favas a abstinência!
Sobre o 'cerumano' ser correto...essa a´é difícil!Mais fácil falar,né?
Boa sorte em tudo,amiga!Torcendo por ti !
BeijO!
jana disse…
ligação longa essa.
ja tive suspeita de glaucoma nos dois olhos.
fiz uma cirurgia rápida e a pressão ocular foi parar no meu bolso de tanto que gastei. kkkk
tudo certo p/sábado?
bj
O que é glaucoma? to com preguiça de procurar no google...hehhe

To com dor no zóio tbm guria...vou no médico sexta,,,,,
Nega disse…
FRÔ

Obrigada por estar sempre ao meu lado, mesmo que virtualmente.

Jana

Tá certo então. Happy no sábado! Com sorte rola umas paqueras pra nós. Hua hua hua.

Silvitcha

Fica gel guria, que não vai dar nada nos teus óios, além de remela. Hua hua hua.

Glaucoma é pressão do globo ocular alterada. Alta! Mas não tem nada a ver com a pressão arterial e nem tem relação com o fundo do olho. No meu caso é hereditário. Mas pode ser consequência de quem tem diabetes também. E se não tratado causa cegueira.

Beijos gurias

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