14 anos sem Chico Science



Não lembro em que dia da semana caiu 2 de fevereiro de 1997. Mas também não faria diferença. Pois só soube da morte do meu ídolo dias depois.

Chico Science e Nação Zumbi estavam bombando no cenário musical brasileiro. E não era pra menos. Os caras arrasavam com a sonoridade diversificada e 100% tupiniquim. Era dançante, envolvente, socialmente correta e apontava um novo estilo sonoro. O da miscigenação musical.

Há 14 anos eu estava no auge da minha juventude. Vinte e dois anos de puro suingue. Trabalhava a semana toda e nos finais de semana me acaba na pista do Cabaret Voltaire, um bar [ex] alternativo de Porto Alegre. Lá, quando o DJ Kafú tocava Science, eu enlouquecia.

Embalada pela Nação Zumbi e a Polar, eu me transformava em carangueijo e dava voltas pelo salão. Beijei muito [e coisa e tal] também ao som dos caras.

Engraçado como a morte tem suas façanhas do bem. Na ocasião da morte de Chico, eu tava curtindo o carnaval de Laguna. Era, creio, terça ou quarta-feira de cinzas. Estava recolhida no meu canto, no camping que freqüentava uma vez por ano – e só nessa época -, quando minha [ex] amiga Lú [e parceira de festas] veio gritando até a barraca com um jornal velho nas mãos. Tínhamos brigado, por bobagens, e não nos falávamos há uns dois ou três dias. De repente ela veio com a notícia da morte do inventor do manguebit.

Falei que não tinha graça. Que se ela quisesse falar comigo, era só chegar. A Lú sabia que eu não dava o braço a torcer, então veio com a prova. Li a notícia incrédula. Meu ídolo, o cantor que embalou noites de romance ou de pura folia; o cara que divulgou o maracatu pais afora; que dançava diferente, articulado, como um caranguejo - e que era o vocalista do grupo cujo desejo de assistir ao show eu alimentava – tinha morrido.

A tristeza tomou conta de mim. Mas voltei a conversar com a Lú. E em pouco tempo a gente estava caindo na folia de novo. E na mala estava a página do jornal com a notícia...

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