Meu pé de laranja [lima]


Hoje colhia laranjas da árvore que tem no quintal do vizinho. Com tristeza percebi que, do meu lado do quintal, os galhos já estavam magros... Sim. Em pouco mais de 30 dias no flat e consegui consumir todas as frutas alaranjadas ao alcance das mãos.

Com mais pesar ainda olhava da varanda de casa para o pé da fruta e vi que no topo e dos ¾ da árvore que pertence e está do lado do vizinho, os galhos estão carregados. No chão vêem as bolas, antes bonitas, agora bichadas, mofadas, apodrecidas. Com sorte, elas irão brotar e dar outras mudas. Quem sabe então, eu amplio o vício e passo a cultivar árvores frutíferas, além de plantas e flores?

Esgueirando-me por entre galhos espinhentos, menos que os de um limoeiro, consegui colher o suficiente para uma semana de suco natural. Esse é um dos meus crimes. Tomo suco de laranja integral. Quando a culpa consome meu corpo já bem mais arredondado do que o habitual [porque a minha mente não sofre disso], diluo o sumo em um pouco de água e adoço com adoçante.

Cada vez que desço as escadas de acesso ao pomar - que também tem um viveiro para pássaros [diariamente torço para que pombas não se criem por aqui], dois canis desabitados [o Shazan agradece], cenouras e alguns pés de laranjas ou limão que crescem lentamente, agora do lado de cá - eu me lembro de uma novela da minha infância: Meu pé de laranja-lima.

Numa consulta rápida no Google descobri a primeira versão do negócio. Sim, primeira versão. Sou balzaquiana, não loba! Nesse blogue constava as seguintes informações:

“O meu pé de laranja lima foi a primeira adaptação do romance Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos para telenovela, e foi escrita por Ivani Ribeiro e dirigida por Carlos Zara. Foi produzida pela TV Tupi e exibida de novembro de 1970 a agosto de 1971. Grande sucesso de público, a história cativou os telespectadores, recebeu vários prêmios e teve uma audiência de 45%.”

Sinopse

“Mostra a vida do pequeno Zezé, um menino pobre que conversa com o pé de laranja-lima e estabelece uma bonita amizade com o velho português Manuel Valadares, o ‘Portuga’, um solitário.”


Não lembrava de quase nada disso. Só que havia um guri que tinha um pé de laranja-lima. E que por causa dele sofreu, ao saber que sua árvore seria arrancada ou podada. O guri descobrira então, o significado da perda, cedo demais na minha opinião...

Com essa memória também lembrei de minhas leituras juvenis. Apaixonei-me por Clarissa, de Érico Veríssimo, e seguindo a indicação de alguém, que não lembro, li Olhai os Lírios do Campo, do mesmo autor, por achar que fosse uma sequência do romance urbano e ingênuo que acabara de ler. Não era! Era um tórrido romance de Érico, que, uma guria na pré-adolescência jamais pensará existir em letras, mas que também não pensara em parar de ler. Gamei no velhinho, que me fez ler muitas outras histórias suas. Até a última leitura feita há poucos anos atrás, antes de vir para Santa Catarina: a primeira parte de O Tempo e o Vento - O Continente.

Como era uma leitora de livros públicos, a disputa era grande pelas obras de autores consagrados e também disputadíssimos entre estudantes ferrenhos que disputariam a federal do estado gaúcho. Aqui, tentei manter o hábito de freqüentar a biblioteca pública, mas o acervo decadente e deficitário me desanimou.

Agora, com uma campanha feita pela Rádio Vitória AM, espero que as prateleiras estejam fartas. Os livros estão sendo catalogados e suas informações digitalizadas. Assim como os dados do associado também. Que bom! Já não via a hora daquele livrinho pequeno e desbeiçado, que continha os dados do acervo e associados, ser aposentado.

Comentários

Nanda Assis disse…
um suquinho de laranja vai bem, e a novela n vi mas li o livro e é muito emocionante.

bjosss...
Blog do Enfil disse…
Pelo visto, guria, não é só a grama do vizinho que é mais verde...

Beijos!

Enfil

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