ÊEEEE, saudade que dói tchê

Típico domingo de outono. Aquele que começa com friozinho pela manhã, mas com o tempo seco que faz por aqui há semanas, o sol que aos poucos começa a aquecer a cidade. Foi inevitável olhar para a sacada e ver aquela luz toda resplandecendo e não querer ir ao Brique da Redenção, tomar chimas no parque com os amigos. De repente, procurar aquele acessório ou presente que se quer dar e depois, quem sabe, almoçar em algum restaurante alternativo do Bomfim...

Mas tudo bem. Também foi legal ir a Pinheiro Preto almoçar no Restaurante Três Colinas e comer aquelas deliciosas chuletas feitas na chapa. E aquele queijo e polenta, também fritos na mesma. A conversa abusada de sempre com as gurias, a comilança exagerada e a bolsa esquecida no encosto da cadeira com o celular. O que tanta tê-lo ou não, já que ninguém me liga mesmo e só a TIM e o Consórcio Colombo me mandam mensagens de texto.

O único problema é que não estou em casa, com a minha família, com meus amigos nos meus lugares favoritos. Não estou a uma ligação do meu amigo Alexandre, que me conhece até pelo andar. Não estou a uma longa caminhada da casa do Cézinha, aquele ½ quilo cabeludo e irônico que tanto me diverte – e vice-versa -, contando páginas da nossa vida, muitas vezes pública demais do que deveria ser.

Esse é o problema de ficar tanto tempo sem ir para casa, ganhar o carinho de pai e mãe. Ouvir teu irmão de 40 e poucos anos contar seus dramas familiares e rir junto de tanta perseguição doentia da ex-mulher. Sem atender o telefonema da irmã cariúcha, morrendo de inveja porque estou em casa, com os velhos fazendo todos os meus desejos. E, finalmente, querendo voltar correndo para minha outra casa (Videira), depois da primeira discussão por algum motivo bobo demais para ter centenas de quilômetros de distância entre a família mais imperfeita que pode existir.

ÊEEEE, saudade que dói demais. Às vezes – só às vezes – me dá uma vontade de ir até a sacada e jogar todos os pratos e copos na rua. Um a um a se espatifar ao chão... Já cheguei a pegá-los muitas vezes do armário. Então lembro que depois da catarse vou ter que pegar a vassoura e a pá, juntar todos os cacos, e em seguida correr a uma loja para repor a louça.

Porque ser gente grande dói muito em alguns momentos? Porque a gente se sente tão fragilizada, em situações nem tão relevantes assim, ao ponto de querer quebrar coisas e mudar móveis de lugar ou arrumar o guarda-roupa? Porque não dá só para ligar para casa e dizer: “Mãe (Pai), vem me buscar?”

Relembrar é viver...


Essa semana eu estava revendo umas fotos, escolhendo algumas para impressão, quando abri a pasta de fotos do Réveillon. Entre várias fotos lindas, estava essa aí, como minha amiga Mirela. É o segundo ano que, dos três que estou morando em Videira, que ela comemora a passagem do ano comigo.

A Mi é o maior barato. Às vezes (quase 90%) do tempo, ela é pior que uma criança de dez anos. Inclusive ela briga, de igual para igual, com uma criança dessa idade, do mesmo jeito que é capaz de rolar no chão para uma brincadeira despretensiosa. Mimi, parceira de festas, bebedeiras, choradeiras, maresia e, agora, de réveillons. Saudades também...

Não precisa deixar comentários Mi. Não se incomode com isso, como sempre (risos). Só enxuga os olhos e se prepara para este ano, porque até o final dele eu viro gente grande e tu será minha parceira para mais uma aventura: a tradicional virada de ano de Treze Tílias. Vai se preparando...


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