Uma terça-feira qualquer, não fosse a doida da cera

Para variar, cheguei atrasada na natação. Dez minutos! Não entendo porque tanta preocupação em relação ao meus que atrasos: Sou eu que perco a metade do aquecimento, sou eu fico depois do horário, invandindo a hora da natação infantil e por isso tendo que suportar gritos e movimentos excessivos na piscina (entendam ondas gigantes...), sou eu que tenho que correr o resto da manhã se quiser manter a minha proposta de agenda matinal. E tem mais, se decidir não ir sou eu que jogo dinheiro fora. Sim, porque também sou eu que pago a porra da escola de natação. Então, se a preguiça é minha, ninguém tem nada a ver com isso...

Calma, não estou na TPM e nem de mal humor, só estou deixando tudo bem claro aqui no meu diário eletrônico. Ou vocês pensam que tudo é só risos por aqui? Não, também tem indignação, oras. Vida de "preguiçoso" não é mole não. Tem que ficar ouvindo o povo insatisfeito reclamar sobre a vida boa de quem tem o que fazer, mas não quer, que dispensa, porque pode se dar ao luxo de fazer isso. Ah, se inveja matasse teria muita gringaiada dessa cidade caída dura e esturricada no chão.

Bom, tundo se encaminhava para um terça-feira como outra qualquer, se não o fato dessa vez eu conseguir pagar a conta da luz aqui de casa, em tempo de não cortarem. Depois de passar mais de uma semana entrando e saindo da lotérica, de lojas que aceitam boletos para pagar, finalmente eu consegui ter paciência de ficar esperando 15 minutos, sentadinha, na Lotérica Brasil de Videira. E não é que foi rápido? Enquanto esperava a manicure finalizar o atendimento da cliente das 9h, às 10h10, desci até a casa de jogos oficiais e paguei a dita cuja. Também paguei meu título de capitalização, vencido há seis dias. Então, vou torcer para que a sorte não bata a minha porta esse mês, se não enfio as duas mãos na pexereca e arreganho.

Já fiquei feliz de ter pago o boleto antes do corte. Já me imaginava chegar em casa à noite, com tudo as escuras, e Angélica com o cabo de vassoura nas mãos e os beiços lá no chão. Mas o inusitado da manhã não foi ter pago a conta, mas consegui fazer a depilação. Também há dias que entro no prédio do Shopping Itália para ver se consigo tirar os pêlos da axila e virilha. Sem sucesso. Quando tinha tempo pela manhã, ia no Salão da Eliane, e depiladora sempre saia mais cedo. No final de semana, descia para o Salão da Suzi e ela sempre enrolada, nunca podia me atender. Ah, se tivesse uma gilete em mãos eu mesma já teria feito o serviço. Cheguei até a pensar em usar uma amostra grátis que a Angélica me deu, cujo modo de usar era bem simples, só aquecer a cera nas mãos, desgrudar as duas folhas, dobrar uma ao meio e depois aplicar e puxar. Pronto! Sem pêlos para um ser normal, o que não é o meu caso. Não tenho dom para essas coisas. Tenho que terceirizar... É bem mais salutar.

Então, hoje eu consegui. Subi ao sexto andar do Shoping Itália e lá estava me esperando a Elizabeth, mestre na depilação com cera de mel (puro). Mulheres peludas de Videira, que não possuem habilidades para o trato com objetos cortantes e que também odeiam sentir dor com métodos de cera rollon. Procurem a Beth, queridas! A mulher faz milagres, em minutos, quase indolores. Acreditem, quase sem dor... Para as mais corajosas, com certeza sem dor nenhuma. (Mas se preparem...)

Começamos pela axila. Duas puxadas e a da direita estava livre deles. Mais três (a esquerda é o lado mais selvagem) e ela também estava limpinha. Uma olhada para a minha cara e a fala mansa da gringa, e pronto, lá se foi uma espátula de bolo (sério, aquelas triangular que as mães usam para cortar e servir o bolo de aniversário) com cera de mel foi para no meu buço, depois no meu queixo. Novamente estava livre dos pêlos indesejados.

Em seguida ela partiu para a virilha e em pouco tempo ela estava vendo a minha Estrela Maior (a tatuagem seus maldosos, não sou tão selvagem assim). Uma abertura de pernas e a moça ia desbravando o caminho das índias. Doeu menos que a virilha. Foi nesse momento que comecei a relaxar e perceber que o tipo de cera realmente interfere no trato. De repente ela levanta a minha perna direita e continua falando, quando deu aquela puxada e eu, com medo de sentir aquela dor insuportável, disse: "Aí não!" Tarde demais, a mulher já dizia que lá elas tiravam TODOS os pêlos. "Mas eu não quero". Lá se foi mais uma série de puxa e estica. A mulher parecia que tinha oito braços e quando vi, ela já tinha visto meu útero e naquele instante sinalizava o local de saída da minha próxima "cacá".

- Doeu?

- É! Não doeu!

- Tu nunca tirou os pelos da "bundinha".

- Me sentia mas segura com a gilete. Por um momento pensei que fosse sair com a minha bunda no papel (ela achou engraçado... sempre me pareceu óbvio nunca depilar o ... ainda mais com cera. afinal, se tinha pêlos lá era porque Deus quis assim)

Finalizado essa parte, a louca da cera patiu para as pernas, porque com certeza eu não iria fazer em casa mesmo. Mais dois puxões em cada perna e todos os pêlos se foram. Me virei e ela fez o mesmo com a parte das batatas da perna. De repente, paft! Lá estava a doida jogando cera na minha bunda e arrematando o serviço.

- Dá próxima vez eu tiro mais. De bruços é bem melhor...