Alagados



No Sábado, enquanto recebia os amigos para o esquenta, toca o telefone. Era minha irmã, preocupada comigo e dizendo que não deveria viajar por esses dias, porque o Litoral catarinense está alagado. Fiquei pensando: “Ela pensa que Videira é como Porto Alegre, que fica ao lado do Litoral Norte, onde a praia mais perto fica a 40 minutos de casa e a mais longe e última praia do Estado – Torres -, a três horas”.
Porém, só hoje pela manhã, enquanto assistia a Globo News, entendi a real preocupação dela. Santa Catarina toda está alagada. A população não fala mais, apenas coacha. De tanta chuva que assola o Estado, sem dó e nem piedade. Já sabia que o Litoral estava abaixo d’água há uma semana. Afinal, nós mesmos passamos por uns maus bocados por 15 dias seguidos de água pluvial infindável. A situação foi tão crítica em Videira que o prefeito, Carlos Alberto Piva, decretou Situação de Emergência, com base na análise dos engenheiros comissionados, pois não temos Conselho Municipal de Defesa Civil.
Enquanto me curava da segunda ressaca do mês, depois de um Sábado festeiro, assistia a tevê entre um cochilo, um devaneio e o telejornal do canal 40 da Sky. Vinte e oito mortos com a chuva! Na semana passada o governador Luis Henrique da Silveira já havia decretado Situação de Emergência e pedido socorro aos vizinhos, para que atendessem as vítimas das enxurradas mais próximas da fronteira. Mas o número de mortes me chocou. Esse final de semana duas pessoas morreram em Jaraguá do Sul com a última tormenta, onde 14 pessoas foram soterradas numa encosta da cidade. Duas foram retiradas sem vida pelos bombeiros até hoje pela manhã cedo.
De Blumenau, de onde captei essa foto, tirada por um leitor do jornal Diário Catarinense (Jaime é seu primeiro nome), vem o maior número de mortos desse total. Outras cidades do Vale do Itajaí também estão sob as águas. Seja por causa de rios que transbordaram ou por causa do excesso da chuva, de deslizamentos e coisa e tal. Tudo isso em mídia nacional. Por isso que minha irmã ligou desesperada dizendo para que não pusesse os pés em estradas e nem se quer pensasse em ir à Florianópolis.
E com certeza não iria. Seja por que tenho que trabalhar, por que é longe, por que não tenho dinheiro, mas, principalmente, caso não houvesse nenhum desses empecilhos, nesses momentos é melhor evitar por os pés fora de casa mesmo. Assim pensavam os antigos. Depois, a SC-302 está interditada para recuperar de trecho que deslizou aqui na região. Quem quiser ir ao Paraná ou até mesmo para o Litoral, terá que pegar um desvio de 90 quilômetros. Pelo menos daqui do Meio-oeste. Do jeito que está chovendo por aqui, a cada descida pode haver uma surpresa pelas estradas. É água que não pára mais, levando asfalto, casas, pessoas, projetos, sonhos, tudo...

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