Coluna da Lola Aronovich


BARRADAS NO BAILE OU ÓDIO AS GORDAS
by Lola Aronovich


Foi notícia semana passada: uma boate na Inglaterra barrou a entrada de mulheres gordas, e isso gerou um boicote ao estabelecimento. Não vou nem falar de como uma atitude dessas é fascista e machista, ou de como não entendo bem porque as pessoas em geral, e mulheres em particular, se sujeitam a ter sua aparência avaliada por seguranças, gerentes, leões de chácara e hostesses.
Quer dizer, concordo com o Groucho Marx quando diz que não gostaria de entrar num clube que o aceite como sócio, mas vamos lá, eu também não gostaria de entrar num clube que não me aceite como sócia. Não há lugares pra dançar onde todos são bem-vindos, sem essa estupidez de “você pode, você não”?
Mas o que eu quero falar é sobre os comentários gordofóbicos que a Lolla Moon recomendou. Ela não sabia que existia tanto ódio contra os gordos. Eu já sabia, mas talvez você não saiba. Então vamos às pérolas do preconceito (minha tradução):

- “Obesidade é um problema moderno que precisa ser discutido. Talvez insultos e discriminação possam ser métodos eficazes que encorajarão as pessoas acima do peso a comer menos e se exercitar mais”.
Certo. Preciso me lembrar que o pessoal que me chama de Orca, A Baleia Assassina só faz isso pro meu próprio bem. Tão bonzinho, esse pessoal. Tão altruísta. Sempre pensando nos outros em primeiro lugar!

- “Certamente anunciando o fato que há menos oportunidades para aqueles acima do peso veremos no futuro uma queda de problemas da obesidade como doenças cardíacas”.
Não, as gordas não sabem que há menos oportunidades pra elas. Precisam ser instruídas disso, e bem devagarzinho, talvez com desenhos, porque além de gordas, são burras. Se bem que burrice, ao contrário de “doenças cardíacas”, não parece estar restrita apenas à quem está acima do peso. Sim, só gordos têm enfartes, você não sabia? Aliás, quer uma estatística provocadora? Aparentemente, os gordos têm tanta propensão a viver menos em relação aos magros quanto os homens têm em relação às mulheres. Homens vivem menos. Nem
por isso conseguem deixar de ser homens. Tampouco são lembrados todos os dias da sua vida que viverão menos, só por terem nascido no sexo errado.

- “Já não é sem tempo que as pessoas comecem a discriminar pessoas gordas! Por que deveríamos, como uma sociedade, condenar as pessoas que são viciadas em heroína ou alcoólatras, mas tratar aquelas que comem tanto que vão parar no hospital como cidadãs respeitáveis? Elas deveriam ser forçadas a se tratarem como o resto”.
É isso aí: campo de concentração para gordos já!

- “É chato barrar garotas gordas, porque às vezes existem caras que gostam disso”.
Em outras palavras: gordas, nós podemos continuar existindo porque há homens que nos apreciam. Ufa! Se esses tarados não existissem, seria a câmara de gás pra gente.

- “O que eu faria se tivesse uma boate seria calcular rapidamente o índice de massa corpórea de cada grupo de mulheres, e só permitir a entrada dos grupos que tivessem um nível aceitável de saúde, em média”.
Ah, assim as gordas teriam alguma chance. Bastaria que elas se enturmassem com mulheres magras. Mas as mulheres magras não poderiam aceitar qualquer uma. Mais de uma gorda num grupo de cinco mulheres e todas seriam barradas. Mulheres de todos os tamanhos, espero que vocês possam ver como esse tipo de pensamento é ofensivo e perigoso pra todas as mulheres, não apenas pras gordas.

- “Isso não é discriminação. Discriminação é discernir diferenças impossíveis de serem mudadas, como ser negro ou polonês. A pessoa gorda pode perder peso, a menos que tenha um problema médico que a faça gorda, e nesse caso ela não deveria ir a boates beber”.
Nada como um preconceituoso pra nos explicar o que é preconceito. A última frase, “[a gorda] não deveria ir a boates beber”, é o x da questão. O resto é encheção de linguiça.
Lola Aronovich tem uma coluna semanal, aos Sábados, no Jornal A Notícia, de Joinville (SC); um blog, de onde fiz o Control C e V, cujo link está no nome dela, logo depois do "by" e outras cositas mas tambien

Comentários

Nanda Assis disse…
que beleza vc tocar neste assunto. eu acho um saco este tipo de preconceito. passei a pouco por uma luta na tentativa de emagrecer e foi muito difícil.
bjosss...

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