Na quinta-feira à noite eu embarquei para a cidade Porto dos Casais. No domingo (18) iria prestar concurso para a UFRGS. Tenho um séqüito de amigos, além de familiares, que clamam por minha volta à capital dos gaúchos, minha terra natal. E isso, não vou negar, também é um anseio meu, que, aos poucos, vou planejando.

Como sempre, foi bom estar em casa, embora a primeira impressão na chegada, enquanto esperava o Caldre Fião no ponto de ônibus, tenha sido estranha. Em dois anos de idas e voltas, a linha Caçador-Porto Alegre atrasou apenas duas vezes. Essa foi uma delas. Então, com apenas uma mochila de roupas, fui de busão pra casa. Na espera, coisa que não estou mais acostumada, percebi que olhava em volta, pasma, embasbacada, como se fosse uma interiorana pela primeira vez na cidade grande.

Sempre gostei de observar as pessoas, os grupos, as tribos. E Porto Alegre tem muitas delas, em todos os cantos. Talvez esse perfil pulverizado seja um dos encantos dos gaúchos; mesmo que na raiz, sejam todos “faca na bota”, “bairristas”. Percebi olhares estranhos; uns de cobiça, outros de estranheza, que me deixaram um pouco incomodada. Do tipo: “Mais uma para inchar a cidade, a disputar emprego, moradia, família, amigos e amores. Mais uma a se iludir com o sonho da cidade grande”. Um sorriso se desenhou em mim, como se quisesse dizer: “Tu estás equivocado, esse é o meu berço!”

Agora lembro de fatos, antes e depois dessa situação, que me fazem pensar que estou sem porto definido. Ao transitar pela Cidade Baixa, em Porto Alegre, reclamava comigo mesma sobre a má educação das pessoas na cidade grande, que em lugares geograficamente menores, com outra cultura, esse aspecto - assim como a violência urbana, o trânsito, entre outras coisas - são bem menores. Percebi então que já sou um ser do interior, que sonha em morar na cidade grande, com opções e infra-estrutura bem diferente do que a vivenciada no momento.

Por frações de segundos, em vários momentos, fiquei em dúvida. Creio que já não sei mais onde estou. Porém, sei bem o que quero. No momento, quero um lugar que mescle Porto Alegre e Videira, que comporte meus amigos daqui e de lá, minha família, meu bem-estar. Quero um meio termo. Estou cansada de tanto oito ou 80. A vida nem sempre precisa ser tão radical assim.

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