velhos hábitos


às vezes a gente mantém hábitos ruins, como fumar, e descarta outros bons, como ler na praça central da cidade.
quando eu cheguei aqui, há quase 20 meses, um dos hábitos semanais era ler e tomar chimas na Praça Nereu Ramos. não sabia que o comércio tinha o Dia D, então fazia das minhas tardes de verão no sábado, momentos de leitura ao ar livre. hábito que trouxe de Porto Alegre, onde sentava no Parque da Redenção, bem no meio de um dos gramados, encostada no tronco de uma árvore, sobre uma manta, e munida do livro do momento. lá se ia a tarde inteira.
fiquei feliz em ter uma praça perto de casa. então descia com os "equipamentos", escolhia uma banco a sombra, olhava em volta, curtindo as pessoas (era muito engraçado a cara de curiosidade de todos comigo) e começava a ler. o barulho dos carros, as conversas, o movimento leve da cidade me ajudava a me concetrar na leitura, que era quebrado com alguma pessoa mais corajosa em puxar assunto ou com uma cantada bem desatualizada. mas era safo. descartava logo.
esses dias propus sentarmos nos bancos da praça no final de domingo. nossa! a Silvia ficou horrorizada. disse que era perigoso, hehehe. como pode ser perigosa um local onde tem um chafariz lindo, fonte de entretenimento da criançada, onde as gurias paqueram os guris e vice-versa? claro que tem os taradões. eu mesma já fui cantada por velhinhos tarados e homenes estranhos infinitamente, mas qual praça não possui esses habitantes?
neste sábado foi Dia D. ao invés de ficar olhando vitrinies, adicionamos o hábito de sentar em um dos bancos externos da praça para conversar e tomar cerveja. mas, desta vez, estava sozinha na empreitada. com a Silvia em Curitiba, pus me a degustar o movimento em um dos bancos internos, com uma bohemia bem gelada e com o Fausto (meu caderno de sentimentos). a idéia era puxar Melância da bolsa. livro que estou lendo, ainda sem vontade, há meses. mas as pessoas estavam mais interessantes e todas elas estão ali no Fausto.
tarde prazerosa que me fez lembrar do primeiro verão em Videira. com a brisa leve fazendo carinho no rosto. o tempo passa rápido quando a gente fica viajando com a vida. muito bom.

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