A cidade



Hoje pela manhã sai cedo. Tá, melhor dizendo: acordei cedo. Corrigindo de novo: sai da cama cedo. Às 7h. Sei que tem pessoas que acordam e saem de suas camas bem mais cedo do que eu, mas esta não é a minha rotina.
Então, abri os olhinhos e dei a primeira virada. No rádio tocava a sessão sertaneja de sempre. Virei para o outro lado e cochilei. Na terceira virada senti um peso saindo sobre as minhas pernas e pisando levemente sobre o meu quadril, até que o pequeno ser se aninhou na minha lateral, se apoiou no meu braço e começou a ronronar.Foi nesse momento que decidi levantar.
Escovei os dentes, lavei o rosto, fiz xixi, troquei o pijama por uma blusa, o abrigo e o meu all star rosa e fui para a cozinha. Preparei o chimarrão, peguei o primeiro cigarro do dia e fui para a sacada. Depois de algumas cuias e de, corajosamente, espantar um inseto feio da porta da sacada, fui por roupas para lavar e arrumar a cama.
Em seguida peguei meu MP3 e desci para caminhar, a fim de ordenar os pensamentos. Coloquei o aparelho no pescoço, naquele volume que sói se escuta o cantor nos seus ouvidos e mais ninguém. Até que, quadras depois, já quase no centro, ouço alguém chamar o meu nome, insistentemente. Ignorei. Continuei a descer, até que um fone caiu do ouvido e tive que colocá-lo de volta e meu nome, então, estava sendo pronunciado ao meu lado. E isso era apenas 7h55.
Mal tinha começado a ficar momentos comigo mesma. Mal tinha iniciado meu exercício mental. Tudo bem que se quero ter a cidade como na foto acima terei que sair às 5h da matina. Mas goste de pessoas. Gosto de vê-las, de dar bom a rostos sorridentes que, já tão cedo, estão brilhantes do recente banho e da alegria de um novo dia. Pessoas me inspiram. Mas conversa pela manhã cedo, quando se quer apenas pensar e observar, não. Definitivamente não.
Começamos então uma conversa afinada. Sobre minha vida, minha profissão, meu trabalho. Sim, a conversa ainda girou sobre mim. Vinte minutos falando sobre mim, coisa que nem estava entendendo. Sim. A pessoa queria me ajudar. Dar idéias, fazer propostas, estender a mão. É uma pessoa do bem. Só não era a hora. Aliás, aquela era a minha hora. O meu momento. Que terminou às 8h45, quando coloquei os pés em casa. Sem ter concluído meu propósito.
Vou tentar novamente amanhã. Talvez levante da cama, pule a higiene pessoal, troque apenas de roupa e desça a lomba, na esperança de ficar "solita".

Comentários

Anônimo disse…
Isso sempre acontece... quando mais desejamos ficar só, vem alguém e, sem querer, "atrapalha" isso.. é um saco né... mas o dia vai amanhecer muito mais e não faltará oportnidade querida... Beijos!!
Elza disse…
Então parece que coisa programda, quando mais quero ficar, ter meu momento sempre chega alguém para conversar... ai que coisa xata neh?
o nosso momento deveria ser como ritual sagrado, ninguém se mete!!!

=]

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