PRÊT-À-PORTER

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
(Motivo, Cecília Meireles)


A Efemeridade do Tempo

“Motivo”. Este é o nome deste poema de Cecília Benevides de Carvalho Meireles (1901-1964). Não sou conhecedora de sua obra completa, pelo contrário, mas do pouco que li, percebi que por meio de uma linguagem cheia de símbolos e imagens sugestivas, ela faz um forte apelo aos sentimentos, com tendência para a musicalidade até.
Cecília cultivou uma poesia reflexiva, de fundo filosófico, que abordou, dentre outros, temas como a transitoriedade da vida, a efemeridade do tempo, o amor, o infinito, a natureza, a criação artística.
Mas todo esse enredo é para falar sobre o tempo e como o utilizamos. Já estamos na segunda quinzena do mês de junho, no final do primeiro semestre deste ano. Muitas pessoas se queixam de que num piscar de olhos, muito tempo se passou (praticamente seis meses de 2007) e nada fizeram. Sonhos ficaram no campo sensorial, planos continuam traçados na mente, objetivos que ainda não foram cumpridos... E a idéia de que metas de vida e profissionais não sejam alcançadas estão assustando a todos. Portanto, a questão é: o que fazer com a efemeridade do tempo, enquanto nossas vidas transcorrem por ele, sem leme firme?
Enfim, esta preocupação me foi trazida por muitas pessoas com as quais converso, sejam elas de minhas relações pessoais, profissionais ou entrevistados. Percebo que estamos presos nessa atitude de questionamento e de tentativa de compreender o mundo, através da efemeridade do tempo, da transitoriedade da vida e da busca de nossos objetivos – nesse redemoinho todo. Embora reste cerca de 50% do ano para que possamos agilizar esses processos, é melhor tomarmos cuidados e não cochilar...

Trabalho Infantil
Na última terça-feira (12) foi o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil.
No Estado, 5.857 crianças, de cinco a nove anos, estão envolvidas em algum tipo de atividade rural, enquanto 585 ocupam postos em área urbana. O acréscimo de mais de 300% – no ano anterior eram 1.738 na área rural – foi apontado na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, de 2005.
Segundo o estudo, o Brasil tem hoje cerca de 1,5 milhão de crianças e adolescentes que trabalham no campo. A maior concentração é no Nordeste. Mas foram o Sul e o Centro-Oeste que apresentaram maior crescimento. No contraponto está o Programa Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), que tenta mudar essa realidade. Mantido pelo governo federal e municípios, o programa é desenvolvido há sete anos em Santa Catarina. Hoje está presente em 207 municípios (inclusive Videira), atendendo a 33.346 crianças ao todo.

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