Estudar ou Casar...

ou

No final de semana (durante tb), a Silvitcha lê todos os jornais do Estado, do País, do Mundo, pela internet. Ela fica lá, por alguns minutos, por que ela é rápida, ágil e inteligente, fuxicando nos vários sites de jornais impressos que possam lhe interessar, ou então nos jornais on line, tb. Ela gosta de estar bem informada, assim como tb gosta de ler, é curiosa, essas coisas todas de mulher inteligente, batalhadora, com seu intelecto em pronto desenvolvimento... Mas olha a merda que ela achou no site da Globo, publicou no Reflexos de Mim e plantou a dúvida na mulherada: Quanto mais elas estudam, menos se casam, diz IBGE.
Agora me diz: eu precisava saber isso? Logo agora que me inscrevi para o vestibular da federal de Santa Catarina? No momento em que, agora sei, quero casar e ter filhos, ou seja, constituir família? Por isso a merda. Vou ser sincera, que homens gostam de mulheres burras e mais novas, isso qualquer ser inteligente sabe. Para que ser consensual, se pode ser arbitrário? Essa é a linha de pensamento de nossa sociedade masculina. Não é a toa que o machismo rege a todos os atos sócio-comportamentais. “Discutir a relação” não é apenas aversão ao diálogo, mas ter que refletir, opinar, ceder, admitir, dividir, achar um meio-termo e, às vezes, aceitar a realidade verdadeira de que pisou na bola, abaixar a cabeça e aceitar. Nossa... É o fim do mundo! Mulher burra não quer saber de nada disso. Se o nego chega em casa, mesmo depois de pisar na bola, várias vezes, fazer aquele cafuné, levar um agradinho para a muié véia, as crianças, e aquele sexo gostoso, tá beleza. É o melhor marido do mundo...
Mas, nessa matéria ainda tem uma informação que mais me chocou. Sim, me chocou porque decidi, há muito tempo (muito não, acho que há um ano, ou menos) que não quero mais ficar sozinha. Que já não me é mais satisfatório apenas o prazer do trabalho, da relação com os colegas e amigos, de aprender com as pessoas novos conhecimentos. Eu quero agora é dividir, no final do dia, tudo que aconteceu comigo. Desde o mais importante, até o mais banal. Quero também chegar em casa, e mesmo cansada (ou não), pensar no que vou cozinhar para o amor da minha vida e para os meus filhos. Levar para a escola, dar banho, ninar, rir das descobertas, acompanhar o crescimento deles, sim, quero isso agora para mim (e que mal há nisso? e que mal há em mudar de idéia? em querer receber o que também se quer dar?). Então, tava lá escrito, na matéria reproduzida pelo Reflexos, no último parágrafo...
- O estudo também revela: as mulheres que se disseram negras e que estudaram mais têm ainda mais dificuldades para encontrar um parceiro. Entre elas, 40,7% estavam casadas – entre as brancas, o índice era de 50,3%. "Os números estão indicando uma seletividade no comportamento da nupcialidade muito forte em termos de grupos raciais. Tudo o que a gente conhece em termos de desigualdades raciais na sociedade também se reproduz no que se conhece como mercado matrimonial", afirma Petruccelli.
Sempre brinco com os amigos, mais ou menos isso: a culpa é sempre da preta e gorda, ou não bastava ser preta, tinha também que ser gorda, nesse mundo cheio de pré-conceitos. O que sei é que há muitos anos aprendi que nunca foi demérito ser negra, que nunca foi demérito ser gorda. E, que, passado a minha adolescência, fase em que aprendi, de forma cruel e dura para uma guria ingênua, bobalhona e confiante (creio que continuo assim, mesmo depois de cair e levantar trocentas vezes) que as diferenças importam sim, mas de forma “diferente” para cada um de nós, que cada ser nesse mundo tem seu valor. Eu conheci o meu. E ainda bem cedo. No início da maturidade. Tinha eu lá meus 20 anos. Ainda gostava do Michel Jackson, mesmo depois do branqueamento, e que poderia dançar like a virgen, não como a Madonna, mas do meu jeito. Isso tudo há pouco tempo, pouco mais de 10 anos... É por isso que agora não me canso de me olhar no espelho e ver que sou bonita, que sou linda, por que sou mesmo. Não como tu, como ele, ela ou a Naomi Campbell. Mas do meu jeito. Que minha forma arredondada e avantajada, as estrias (que me acompanham desde a infância), e agora a celulite, fazem parte do meu corpo e da minha realidade e não preciso lutar contra, me agredir, me violentar fazendo coisas aviltantes a minha vontade, por causa de um padrão estético nacional e mundial que nem sei quem criou. Não que não esteja preocupada com o que vestir, o que fica bem, o batom certo, a harmonia do conjunto. Minha vaidade tem limite, mas sou vaidosa. Minha feminilidade é presente, mas não gritante e minha preocupação com padrões sociais tem o mesmo valor que uma nota de R$ 3,00 e dura o tempo de um picolé, num calor de 40% a sombra, ou seja, segundos...
Lá em casa, desde pequena, ouvia meus pais me falando, principalmente o José: minha filha, estuda, por que quem tem estudo tem chance de ser alguém na vida. Todos os anos, quando terminava o colégio, ganhava os parabéns do meu pai por ter passado na escola. Durante o ano ele não tava nem aí. O acompanhamento escolar ficava por conta da minha mãe, mas, depois, no final do ano letivo, vinha o reconhecimento paterno. Quando cresci e cursei o segundo grau, virou cobrança, mas a idéia de que o estudo era importante já estava implícita em mim e segui sendo aprovada ano após ano, até durante a faculdade. Os tempos passaram e se tornar alguém na vida tomou outras proporções para mim. Vem da personalidade, da hombridade, honestidade, ética, da sinceridade, do brio e de várias outras coisas que ajudam a formar o caráter. Isso aí, ser alguém na vida para mim é ser alguém com bom caráter. Hoje, estudo para mim é desenvolvimento humano, do intelecto. É satisfação pessoal, aperfeiçoamento profissional. Porque ser alguém na vida eu já sou (mais isso é outro post). Também é por isso que me choquei com o final da matéria. Depois de superar todos os pré-conceitos sociais e estéticos, de alterar minha opinião sobre matrimônio e família, e de passar anos seguindo um ensinamento familiar, vem uma pesquisinha qualquer (desculpem o exagero, é claro que respeito a legitimidade do IBGE) e revela que: mulheres negras e com estudo tem mais dificuldades de arranjar um parceiro. Vão tomar no CÚ, mas bem no meio.

Comentários

Ai q dor de cabeça. Mas este negócio de mulheres é verdade. Não chamo mulher de burra ou algo similar pq casa cedo. Creio que fazem por necessidade ou por amor mesmo. Sou ciente ainda que há casamentos de interesses, mas creio no amor, Elaine. Creio que o mundo tenha amor. Que as pessoas tenham amor para dar e receber. E muito ainda por cima. Mas casar hj em dia é apenas morar juntos não? Então, para que casar? INteressante da vida é haha ia escrever bobagem... E viva a Putaria!
BEijo negona
Anônimo disse…
Oi querida, desculpe ter sumido assim, mas pode ter certeza que sempre que eu tiver um tempinho estarei passando por aqui. Isso que vc escreveu, sobre os jornais, pode acontecer mesmo, eu não duvido. Mas eu, estou estudando pra buscar o casamento, tenho uma pessoa que eu gosto muito e resolvemos que só vamos nos casar quando tivermos uma boa formação profissinal. Espero que vc consiga encontrar alguém bom, que mereça vc, uma ótima pessoa. Beijoss...
eu tb creio no amor Neno e Celle. tb gossto da putaria. mas um pouco de parceria e carinho, juntos, n faz mal a ninguém.

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