Dia 7 de abril

Dia do Jornalista

Numa dessas manhãs, um repórter me ligou para fazer alguns questionamentos sobre o Dia do Jornalista (comemorado neste dia 7 de abril), não sei se fui muito claro nas minhas declarações, até porque ele me pegou de surpresa, uma vez que não estava acostumado a ser o outro lado da história, ou seja, o entrevistado. Há mais de 15 anos atuando como repórter, nas mais diversas editorias, me senti como aquela pessoa que pela primeira vez vai dar uma entrevista na rádio, na televisão ou até mesmo para um jornal, quando apesar de dominar o assunto não consegue expressar sua melhor opinião.


Depois disso passei a refletir sobre os fatos e compreendi ainda mais o significado do ser jornalista. Entendo que esta profissão, apesar de sofrer os mais diversos ataques, no que diz respeito ao exercício legal, ou seja, de sua regulamentação, é e sempre será a única profissão capaz de entender e saber ouvir o anseio de todos. O jornalista nada mais é que um contador de histórias, que busca transmitir ao seu leitor, ouvinte ou telespectador o retrato fiel dos acontecimentos. No exercício de sua profissão, ele é os olhos e ouvidos de milhares de pessoas.


Acima de seus interesses pessoais, o jornalista deve respeitar a ética profissional e agir dentro da moralidade. Sempre digo que ser jornalista é se especializar em generalidades, uma vez que procura saber um pouquinho de tudo. Talvez esse seja o preço que pagamos, porque hoje muitas pessoas se acham no direito de intitular-se jornalistas. Querer ser ou até mesmo se apresentar como tal não faz dessa pessoa um profissional habilitado ao cargo. O ser jornalista, nas mais diversas linguagens e nos mais variados suportes técnicos da Comunicação, com suas atividades de produção e divulgação de informações, é uma forma de conhecimento ao mesmo tempo particular e universal, que exige, por conseqüencia, habilidade e competência específicas.


Se a partir de agora me volto para defender os direitos da categoria, estou do outro lado da trincheira, e nesse sentido, ao invés de repórter, me torno fonte, só que ao contrário dos meus 15 anos de reportagens terei de estar atento para saber dar o recado ao profissional que irá querer contar a melhor história. Neste Dia do Jornalista, parabenizo todos os colegas que fazem da profissão uma forma de luta pela liberdade e pela preservação dos direitos. Vamos continuar lutando para dar a melhor manchete do dia, mas não nos esqueçamos que em primeiro lugar somos seres humanos, e como todos, estamos sujeitos a cometer erros. Se isso ocorrer, que ele possa ser corrigido da forma mais digna e ética possível, sempre respeitando os direitos dos outros. Ser jornalista é ser cidadão de fato.

* José Nunes
Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul

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