Escusas

Entrei no blog ontem à tarde e vi que havia um depoimento. Li, respondi, mas pensei que não era suficiente. Então, fui para casa no final da tarde, como quase todos os dias, fiz um chimarrão, uma caipa e fiquei refletindo enquanto via a paisagem da sacada do latifúndio e tirava o esmalte. Percebi que devia agradecer ao “anônimo” por ter aberto meus olhos sobre o que venho expressando aqui.

Eu percebi que apenas uma resposta a crítica do “anônimo” não era suficiente. Então, decidi aqui, nestas mal traçadas linhas, pedir desculpas ao povo videirense e aos adotados desta cidade. Não mulher de me arrepender sobre o que digo ou escrevo. Assumo meus atos, os mantenho, afinal, sou responsável por eles. Mesmo assim, também sei reconhecer quando exagero.

Sei que não é justificativa o que vou dizer agora, mas é o que ocorreu. Estava sofrendo, triste, amarga, desprezada, com a estima baixa. E, ao passar por isso, durante dias, semanas até, não senti muitas coisas e as expressei culpando esta cidade e as pessoas daqui. O anônimo me vez perceber que o problema não era com o lugar ou com as pessoas, embora as diferenças com a minha terra natal sejam grandes. O meu referencial é Porto Alegre, porque é somente esta cidade que conhecia com profundidade, por ser meu berço. E a comparação foi inevitável neste período de dor.

Mas, de modo algum a intenção era ofender o povo daqui, porque nada tenho contra. Aqui fui muito feliz, como nunca tinha me sentido em Porto Alegre, e também fui muito triste, da mesma maneira. A questão é que meus amigos e família estão lá, em outro estado, a oito horas de distância, a 600 quilômetros de mim. É neles que tiro minhas forças para encarar a vida e seus desafios e foi justamente no momento em que mais precisei dessas pessoas, que me vi sozinha, numa cidade estranha, que, convenhamos (embora Porto Alegre não seja nenhuma metrópole, tem opções de lazer e cultura diversificada para enganar a alma solitária - e os postos distribuem camisinhas sem perguntar teu endereço, com comprovante, apenas querem que não adquira uma DST ou gravidez indesejada), oferece poucas alternativas a alma solitária e triste.

Enfim, revelo agora e com ênfase, que essa cidade e seus habitantes só me revelaram e proporcionaram momentos únicos, dos quais não voltaria atrás. Amigos fiéis, emprego, experiência profissional e de vida. Um amor intenso, uma dor de amor com a mesma intensidade. Maturidade, mais responsabilidade, irresponsabilidade, festas de salão, solitude, companheirismo, solidariedade, perspicácia. Aceitabilidade, rejeição, alegria, risos, tristezas e lágrimas. Oportunidades, preguiça, vontade. Paciência, intolerância, transigência.

Tudo isso ajudou no meu crescimento profissional e pessoal. Tudo isso me ajudou a crescer e melhorar minha espécie falha, que é o ser humano. Aumentou minha sensibilidade e minha tolerância. Hoje, tenho mais ouvidos para meus amigos e pais, tenho mais atenção a àquelas pessoas que sempre me deram atenção, tenho valores. Tenho tesão. Agora enxergo isso, agora vejo com clareza.

Obrigada anônimo e desculpa pessoas. Só nos últimos dias tenho visto que também sou feliz aqui, assim como sou feliz de onde vim.

Um bisou(gosto de críticas, quando bem construídas e embasadas. Portanto, entrem e fiquem à vontade)

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