Terça-feira – 19

São 10h46. O sol aquece o dia e o corpo das pessoas que andam pela rua. Minha vontade é de pegar a bolsa, o bloco de notas e a câmera e sair pelas ruas do centro para ver o rende. Mas eu tenho um Q de auto-flagelo me prendendo aqui nessa sala. Então, saio para fumar e volto.
Hoje acordei pensando que o dia pode ser menos ruim do que a tarde de segunda-feira. Mas tudo diz que vai ser igual a todos os outros dias que se passaram: bem mais ou menos. Ta um clima chato nesse jornal. Gente sendo dispensando, outros (e estou incluída nesse processo), sob a eminência de voltar a ser estatística.
Porém isso é o que menos me chateia. Desde maio que quero ir embora mesmo. Se for demitida, a minha fraqueza vai ser submetida a uma determinação da direção geral do “pasquim”. E do jeito que estão as coisas, não vou sentir falta de nada disso. Passei dias tranqüilos longe de quem me incomoda e me perturba. Passei momentos maravilhosos perto de pessoas que me amam e me querem bem (e eu nem sabia quanto, e eu nem sabia disso).
São quatro dias sem internet e os post estão acumulando. Em um deles disse que estava sem lar, mas na verdade não. Foi engano meu. Meu porto seguro está em minha casa, em minha cidade, ao lado dos meus pais. O Mauro, meu astrólogo, havia lido nos astros essa minha passagem, minha necessidade e aonde e com tirava minhas forças. Não havia acreditado nele quando me disse isso há pouco menos de dois anos atrás. Agora sei que tenho lar, agora sei quem me ama e aonde posso e devo buscar forças.
Em outro post falei sobre o luto que meu coração estava sofrendo, mas que já se fazia passageiro. Ledo engano. No domingo já senti que não estaria preparada para o “retorno do talentoso Ripley”, na segunda pela manhã pensei que seria fichinha, fácil, e no final da tarde percebi que não. Que ainda dói o desprezo, a indiferença, a frieza e a rejeição.
Enfim, já não sei mais nada. Apenas vou levando um dia após o outro, de novo, sem tentar – o que é muito difícil – ficar imaginando o amanhã. Só olho para o céu,a cada final de tarde, e agradeço por ter passado mais um dia; e a cada manhã, peço a Deus que me dê força para mais um dia. Acho que o povo lá de cima deve estar cansado de ouvir a minha voz. Já são cinco meses que peço, alguma coisa, diariamente. Acho que eles resolveram me atender...

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