Fragmentos

Dores do Mundo

No sábado 24, depois de acordar lentamente, comecei meu processo de qualidade total no meu quarto, sob os preceitos do programa 5S. Mas isso depois de ter assistido Crash – no limite. Nossa!!! Pensei e repensei toda a minha vida com esse filme.
No final da “fita” cheguei a conclusão de que não fui à aula porque estava cansada das dores do mundo. Porque não queria sorrir enquanto tinha vontade de chorar. Porque não queria ir para casa e ter que ver e conviver de perto com o drama que meus pais estão vivendo. Não queria ter notícias ruins ao chegar em casa casa e ter que assumir uma postura responsável, tomar decisões, incitar participação dos firmãos, contribuir para a harmonização do lar.
Tudo isso era muito pesado para mim no momento em que eu tentava emergir do que sobrou de um amor desprezado. Mas tive que encarar os fatos, enfrentar meus medos e assumir meu papel de filha responsável, que sempre fui, quando soube da cirurgia do meu pai. Não me fiz de rogada. Passei essa semana toda fazendo o que melhor poderia fazer para eles. E fiz com boa vontade e prazer, embora todo o cansaço e frustração por ver que agora, um homem hiperativo está sem as duas pernas. Que se submete a situações submissas (inaceitáveis para nós virginianos), algumas delicadas, outras humilhantes, para quem sempre teve um perfil machista, dominante e de temperamento forte. Não faço idéia do que possa passar na cabeça do meu pai, mas, com certeza, estar nesse momento e ainda ter preocupações (desnecessárias) com o(s) filho(s)m, não deva ser fácil.
Então, perto de todo esse drama percebi que a minha dor não era nada. Não é nada. Que o meu sofrimento não chega aos “pés” da dor e sofrimento que os meus pais estão passando. Que minhas lágrimas eram derramadas em vão, junto com minha força que se esvaia por um motivo emocional, sentimental por alguém que pouco merece, que nada reconhece. Foi um período em que fiquei de olhos fechados para as dores do mundo que me cerca, pelas dores de amigos e da minha família, que tanto me amam e me querem.
Agora estou tirando o meu “piercing” do caminho para que todos possam passar com a sua dor. Não tô sozinha nesse mundo. Não tenho direito a atendimento exclusivo, único, até porque vivo em sociedade. E também nem quero ter esse isolamento.
Enfim, decidi que, desdew esse sábado (24), não iria mais ve revoltar, ficar azeda, mal humorada, com rancor, por causa de um amor descuidado, ignorado, isolado. Minha família e amigos não merecem esse comportamento, só meu carinho, sorrisos, amores e atenão, como sempre fiz e concedi.

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