Devaneios II

São 4h03 de uma quarta-feira. Joseph tenta dormir, mas não consegue. Já é sua terceira tentativa.

Ele olha para os lados e não reconhece o lugar. Diz à Sofia que o trocaram de quarto sem nem ao menos terem saído do lugar.

As luzes são acesas quando Marcelo entra no ambiente à meia luz. Então, Joseph percebe que está no mesmo lugar. Mesmo assim, continua a dizer, agora para o rapaz, que há três dias seu banho é negligenciado e seu curativo não é trocado. As justificativas de sua filha já não lhe são mais válidas, mas as do enfermeiro ele aceita. Sofia não se importa, mas espera que as coisas, no final, se resolvam sob o menor trauma possível, para todos.

- Eu tô colado na cama. Tem que trocar esse lençol.

Reclama agora para o atendente que consegue ter paciência e atenção às 4 horas da manhã. Sofia também está cordata com os devaneios. Por isso usa uma voz macia e com ela auxilia o enfermeiro a esclarecer, novamente, que ainda não amanheceu. Que o curativo só vai ser trocado após o banho, com a equipe da manhã. Que os lençóis, se quiser, podem ser trocados agora, embora pela manhã eles também o farão.

- Só mais quatro horinhas Seu Joseph.
- Vou ter que esperar então? Pergunta o velhinho já resoluto.
- Já vai amanhecer. Contra argumenta o enfermeiro.

Para afastar a dora da perna, recém, ausente, ele pedi o medicamento. Sofia pensa que a dor da "perda" vai passar com o sono que dará o Tylex 500 mg, mas depois ficará imaginando qual será o próximo devaneio. Com a mão, seu pai aponta o local da dor.

- O corte tá aqui oh, mas eu sinto dor mais embaixo.

Com isso ele mostra, já sonolento, para onde deveria estar sua perna direita, mas que há três dias já não existe mais.

Comentários

Anônimo disse…
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Anônimo disse…
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