Eu, adotada
Este
post não tem foto e nem ilustração. Não tenho. As fotos remetem há um passado
distante e não retratam mais a realidade. Já não tem carinho, já não tem amor,
já não há contatos. Talvez, também não havia antes, mas a gente ama mesmo quem
não nos tem afeto nenhum. A gente acredita em sentimentos refletidos em
palavras vãs. A gente crê.
Dia
12 de abril foi uma dessas datas comemorativas, institucionalizadas sabe-se lá
por qual motivo. Mas existe. Assim como o Dia do Índio, Dia da Árvore, Dia do
Beijo, também tem o Dia do Sobrinho. Eu tenho. Tenho dois. Dois deles que se
encontram perdidos ao vento da maledicência. E nessa altura do campeonato,
sabe-se lá de quem também. Não importa. Não mais.
Há
cerca de 20 anos, eu ensinava o mais velho a me chamar pelo nome. Não queria
parecer velha demais para ser chamada de Tia. Hoje, quando, ocasionalmente, os
vejo na rua, fico esperando ouvir a expressão desprezada por vaidade. Mas não.
Silêncio. E rostos virados. Hoje, eu que sou desprezada. Pela mágoa. Ou raiva,
gerada por um casamento desfeito, o descaso de um pai e o despeito de uma mãe...
Então,
me restam os sobrinhos alheios. A simpatia de amigos que, com seus filhos e os
filhos de seus irmãos, doam amor em forma de peraltices de crianças e rebeldias de jovens adolescentes. E
assim sigo tia. Sentida... Adotada.
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