As dificuldades de pequenos veículos nas premiações nacionais

Marianna Senderowicz, de Porto Alegre

Ganhar um prêmio de jornalismo é desejo da maioria dos veículos de comunicação, mas são poucos aqueles que conseguem destaque em disputas de nível nacional. Esso, Abecip, Sebrae, Ethos e Caixa são apenas alguns exemplos de concursos que, via de regra, acabam elegendo grandes emissoras ou jornais, ficando os pequenos veículos de fora na maioria dos casos.
No Rio Grande do Sul, grandes redes como RBS, Record – antiga Caldas Júnior – e Band são as mais cotadas em função, principalmente, ao maior acesso a fontes e informações. Na opinião de Ercy Torma, presidente da Assoiação Riograndense de Imprensa (ARI), isso se deve a vantagens para a produção de conteúdo. “Elas possuem uma estrutura bem maior que veículos alternativos. Além disso, os repórteres passam a ser conhecidos nos locais onde circulam, tendo mais facilidade para obter informações”, aponta.
Mesmo assim, em disputas nacionais as grandes empresas de comunicação gaúchas também sofrem para concorrer com veículos do centro país – basicamente de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. “Por isso criamos categorias regionais de competição”, explica Luiz Freitas, coordenador do Prêmio Imprensa Embratel. Na edição mais recente do concurso, realizada em 2007, apenas um veículo de cidade do interior venceu uma categoria nacional (Jornal Bom Dia, de Sorocaba-SP, em Jornalismo Cultural), sendo a RBS a única empresa gaúcha agraciada. Freitas conta que a pré-seleção e a avaliação dos juízes se restringem à qualidade das peças, independentemente do porte dos inscritos. “Existe uma participação bem maior dos veículos de grande circulação, então fica difícil de competir em termos de volume de material”, acrescenta.
De 75 finalistas do Prêmio Press 2007, promovido pela editora gaúcha Press e Advertising, apenas seis representam veículos de tiragem reduzida, sendo que nenhum foi eleito na votação final. Para Julio Ribeiro, diretor da editora, o formato da votação é um dos motivos. “Já tivemos como Jornalista do Ano – principal categoria da premiação – um repórter do Jornal Já, além de vários destaques de pequenas rádios do interior. No entanto, dada a formulação de eleição (indicações de profissionais da área e do público em geral dão origem aos finalistas) é natural que profissionais mais conhecidos, ou que atuam em estruturas maiores, consigam mais votos”, justifica.
Tamanho é documento?
O Já Porto Alegre – que hoje se divide na Revista Já e no Já Bom Fim/Moinhos – não venceu apenas o Prêmio Press (2005). Único jornal comunitário gaúcho a ganhar um Prêmio Esso de Reportagem (2004), também comemora primeiros lugares em concursos da ARI (2005 e 2006) e da Fepam (2005). O impresso, de periodicidade quinzenal, concorreu com redes de todo o país e, para Nara Hofmeister, editora executiva, destacou-se por saber aproveitar uma pauta que não demandava grandes investimentos – a morte de um garoto de 20 anos que praticava body modification (mudanças corporais a partir de tatuagens, implantes e mutilações).
“Uma das dificuldades dos veículos que não pertencem à grande mídia é a ausência de recursos para uma longa reportagem, que geralmente exige muito tempo, viagens e infra-estrutura. No nosso caso, fizemos a investigação em locais acessíveis, como o centro da cidade e uma delegacia”, conta. A jornalista acrescenta que, na maioria das vezes, pequenos veículos também não possuem condições financeiras de contratar profissionais de renome, o que pode influenciar no resultado final do trabalho. “Os grandes jornalistas costumam estar em veículos grandes.”
Mesmo assim, Naira lembra que é em veículos de circulação mais espaçada que estão as oportunidades de aprofundar temas. “Jornais menores não estão pautados por uma agenda diária e podem explorar melhor os assuntos, de uma maneira que quase nenhum jornal diário faz. O próprio Já Bom Fim/Moinhos, que circula apenas em algumas regiões da cidade, publica matérias de extrema relevância para a comunidade e sobre temas nos quais os grandes jornais não conseguem prestar atenção.” Torma, da ARI, concorda e vai além: “No próprio Prêmio ARI temos diversos vencedores do interior ou de jornais alternativos. Certa vez, uma grande rede chegou a nos criticar por investir milhões na produção de um jornal e perder para uma publicação pequena, mas nem sempre o dinheiro dá origem às melhores matérias”.

Comentários

Oi, voltando ao teu blog para te desejar um belissimo final de semana.
Gosto daqui.
UM beijo
Maurizio
Nanda Assis disse…
jornalismo é sua paixão né? felicidades e bom sábado.
bjosss...
Nanda Assis disse…
jornalismo é sua paixão né? felicidades e bom sábado.
bjosss...
Maurizio, querido... Obrigada pela visita de sempre!!!
Nanda, jornalismo é a minha vida! Tanto que desisti do curso de Letras-Espanhol porque não investir tempo numa outra profissão. Só no que sempre foi meu sonho, hoje, já realizado. Bjocas
Este comentário foi removido pelo autor.

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