Onde há fumaça, há fogo...


...Já dizia minha avó. E por falar em avó, é da casa dela que tenho essas lembranças doce do fogão a lenha.

Quando era pequenininha... Sim, isso já foi possível, hehehe, passava as férias lá na casa da véia, em Cruz Alta. Uma cidade pequena, com a economia baseada na pecuária, onde a vida social era em galpões de CTG. Um baile era tudo para o povo de lá. Mas eu cresci longe disso. Não geograficamente, mas culturalmente. O que me interessava em ir para a casa da vó eram os doces que as 'tias véias' faziam; ir visitar os amigos que tinham vaquinhas nos quintais, para tirar leite e tomar o tal de apôjo - aquele leite grossinho, morno e espumoso que sai das tetas das vacas na segunda tirada. Eu, particularmente nem lembro mais o sabor desse leite, mas a festa que fazíamos para chegar a ter o leite na canequinha era o que contava para a criançada. E o medo então? Bah, eu nunca consegui fazer o negócio.

Mas, o que mais me divertia era mesmo o fogão a lenha. Não interessava a época: fosse inverno, fosse verão, o fogão a lenha tinha que funcionar quando estava lá. E quem fazia o fogo? Eu, claro.

- Guria, brincar com fogo dá xixi na cama depois.

Era o que minha avó sempre me dizia, mas eu teimava, dava de ombros e pedia lenha. Por fim, ela sempre deixava. E lá ia eu fazer o tal de fogo. Depois botava uma chaleira d'água em cima, para o mate das tias, e ficava lá, sentadinha em frente a ele, de portinhola aberta e cara quase colada.

- Guria! Guria! Sai daí, vai chamuscar a sombrancelha assim guria. Odete? Odete??? Tira essa guria da frente do fogão.

Era minha vó, de novo, dizendo que eu ia passar mal de ficar em frente ao fogo, tão perto. Eu saia, mas volta e meia estava lá, com o atiçador nas mãos, revirando o fogo, de cara quase colada a ele.

É nesses dias de muito frio aqui em Videira que me vem na lembrança esses momentos de infância. Por isso que eu adoro casas de madeira, por causa da casa da minha avó, por isso que quando eu crescer mais um pouco (entenda: melhorar de situação financeira) vou comprar uma linda casa de madeira araucária, por que eu sou chique e serei rica, claro; e um fogão a lenha.

Agora é a hora das chaminés avisarem aos passantes, que onde há fumaça, há fogo!

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