Bar de Guampas


Ele vinha sorridente, no sentido oposto do passeio. Ela vinha distraída, ouvindo suas músicas, até que ficaram frente-a-frente.
- Nossa, que alegria te ver.
- Oi, quanto tempo...
- Pois é. Eu não tô mais morando aqui. Fui embora. Levei um par de guampas e agora tô morando em Pexinguinha.
Ela refletia sobre a informação. Não entendia porque ele dizia que tinha ido embora, se Pexinguinha é tão perto. Fica a menos de 30 quilômetros de Gonzaguinha... É quase um distrito daqui, se não fosse a quantidade de habitantes e o tamanho do município, que é quase o mesmo.
- Ah, que massa. Parabéns! Mas qual é o nome mesmo? Bar de Guampas?
Que doido deve ser esse lugar. Um bar para corno... Bom, negócio é negócio.
- Não, levei um par de guampas, por isso fui embora. E tu, tá sozinha?
- Ah, desculpe, tinha entendido que havia aberto um Bar de Guampas. Putz! Que chato isso...
Melhor terminar logo essa conversa. O assunto, além de confuso, tá ficando perigoso. Põe aquele sorriso no rosto, mente logo e vai embora. Ele tá com aquele olhar faminto...
- Não, tô namorando. Mas sei bem o que deve estar passando. Não levei guampa não, mas fui rejeitada. Mas agora tá tudo bem.
- Bah, isso é bem pior que levar um par de guampas. E o teu namorado é daqui.
Que merda, não precisava me lembrar que ser rejeitado é pior que ser corno. Putz, ele está se aproximando de mim.
- Não, é de Tom Jobim. Bom, tenho que ir, meu namorado deve ter chego lá em casa. Foi bom te ver.
Uma mentira inocente, afinal, ele foi tão simpático.
- Também foi bom te ver. Se souber de alguma guria precisando, querendo alguém, liga lá pra Pexinguinha.
(#%$@&*+§=)
- Claro!
Então, Ela seguiu, agora mais apressada e sem olhar para trás, de volta para casa. Indignada
pela segunda vez, em menos de cinco minutos de conversa à toa.

Comentários

Postagens mais visitadas