Decepção tecnológica

Quando era pequena acreditava em muitas coisas que via ou ouvia, aliás, até hoje acredito. Na verdade eu acredito nas pessoas, no ser humano. Então, na fase infanto-juvenil eu era muito influenciável... Hoje chamam de ingenuidade, que perdi um pouco quando entrei para a faculdade e outro tanto quando cheguei em Videira. Mas ainda me considero pura, he he he.
Então, nos áureos tempos da infância eu acreditava em tudo via, ouvia (em tempo) e no lia. Nasci em 1974 e quando pequena brincada de bolita, de pular sapata (amarelinha era muito difícil para uma criança gorda), cinco marias, carrinho de mão, pega-pega, entre outras brincadeiras que com o tempo estão sendo esquecidas. Quando entrei para a escola, a moda era usar tênis M2000, calça Komanetti, saia balonê e coisa e tal e tal e coisa.
Desde essa época, como toda criança, desenho animado era tudo e gibi da Turma da Mônica e Tio Patinhas também. Tirando as revistinhas, os desenhos eu continuo assistindo até hoje, com a diferença que eles se modernizaram, extinguiram e agregaram novas tecnologias nas suas produções. Êpa! Tecnologia...
Foi assistindo aos Jetsons, diariamente, que conheci a ilusão. Eu queria ter um cachorro, como o cão do futuro, o Astor. Mas logo desisti. Depois queria ter um robô que fizesse tudo que quisesse, sem pedir, afinal, Rosie conhecia como ninguém seus donos e até se desligava quando a barra pesava para o seu lado. Mas o que me fascinava era o carro dos Jetsons... Então, como sempre fui simples e humilde, não pensava em ter um, mas esperava que no ano 2000, quando o mundo fosse acabar – no que não acreditava – eu acordaria com 25 anos e iria para o trabalho, de ônibus espacial... Ai que lindo!!!
Fui crescendo e acompanhando os avanços tecnológicos e nada se aproximava do mundo espacial dos Jetsons. Ninguém tinha um cachorro geneticamente modificado, ninguém criou robôs inteligentes na época e muito menos um ônibus estelar ou carros espaciais. Foi o fim para mim, uma criança que acreditou no avanço tecnológico a tal ponto que pensava viver num tempo em que aos 25 anos, se locomover pela cidade, entre cidades, estados e países, fosse ser algo realizável num piscar de olhos.
Que decepção... Cresci e amadureci andando de Caldre Fião, na era – ainda – da engenharia mecânica, onde a novidade eram ônibus semi-novos que vinham de outras linhas mais privilegiadas que nós, da Maria da Conceição. Nem ar condicionado tem ainda dentro dos veículos, mas o povo do Mont Serrat, que nem usa transporte público, foram os primeiros a conhecer o modelo (informação não confirmada, mas a Lomba do Pinheiro já tem há anos e nós nada...).
O tempo passou e aprendi que a tecnologia é lenta, porque os estudos são sérios. Que a tecnologia é cara e de difícil acesso da maioria dos cidadãos do mundo. Que nos falta ainda subsídios básicos, infra-estrutura e ainda vivemos sob a ameaça da escassez de recursos naturais. E que, mediante tudo isso, aliado a minha situação econômica; a minha segunda ilusão tecnológica – ter uma casa inteligente (informatizada) – não vai se realizar nesta vida, ou pelo menos tão cedo...
Comentários
betty boop
sniff sniff
he he he
betty jana boop
Pode ficar tranqüila que a despedida de solteiro dele eu organizo (e participo tb, he he he).