Eu, dona de mim!

Às vezes,  me percebo distraída em frente a tevê. Chorando! É novela, reportagem, seriado, documentário, comercial. Não precisa mais do que emoções para me fazer chorar.



De imediato sorrio. Lembro o que dizia à minha mãe: "Por que pobre tem que aparecer na tevê chorando? Não é bonito!"

Ela sempre ria quando eu dizia isso. Talvez por que soubesse que eu, se estivesse expondo emoções ou sob influência delas, também choraria. Muito! Fazendo boca quadrada, como ela costumava dizer. E eu ria dessa outra bobagem.

Hoje, eu ando pelas ruas chorando. Muito! Ainda não estou acostumada a só ter lembranças. E elas vêm em onda, como o mar. E para completar esse maremoto de emoções, me afogo em algumas fotografias publicadas nas redes sociais.

Sem pai, nem mãe nesse plano, eu ando nesse mundo dona de mim. Eu, que na adolescência imaginava que isso seria tão libertador, tão fácil e divertido, não esperava me deparar com a estrada da perdição que a vida poderia ser.

É isso: Perdição! É como barco à deriva, que o marujo olha ao longe e não vê a luz do farol. Ou vê tantas luzes, que não se decide quais coordenadas traçar.

Mas eu ainda tenho sorte. Meu leme está sempre sob o comando das estrelas guias. É na imensidão do céu que me acho. Basta levantar a cabeça, soprar as nuvens mais resistentes, para vê-las brilhar e me orientar. Mesmo que eu fale e não entenda as respostas, dá certo.

Entretanto, datas comemorativas seguem sendo difíceis. Aniversários que não são mais festejados. Ritos de Natal, Réveillon e de Páscoa que se desfizeram.  Dias dos Pais e Mães que não têm mais abraços.

De repente, sinto falta de chocolate. Enxugo as lágrimas, de novo, e abro o armário. Sempre tem uma barra por lá.




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