Cegueira ocasional
Às vezes fecho os olhos por um momento frente às situações
complexas as quais estou envolvida. Por um longo momento, na verdade. É minha
busca do falso-verdadeiro ou de um super-herói.
É fuga, eu sei... Quero a sensação de que as causas do que
me atormenta não foram construídas. Que as questões não existem. E, por consequência,
os problemas não podem ter sido concretizados. Que não há efeito. Nem consequências.
No entanto, a cegueira é passageira, e logo volto a enxergar
onde estou e como estou. Então só me resta encarar tudo. De frente. De peito
aberto. E depois de um longo período, anestesiada, a dor é inevitável. Vem tudo
de sofreguidão e intensidade.
Para ter forças, olho ao meu redor. Levanto os olhos do meu
umbigo e vejo os vizinhos, minha família, amigos, colegas, as pessoas da
associação do bairro, as “tias” da creche, os demais passageiros no ônibus, as
famílias no trânsito, a humanidade, o casal caminhando... Protejo os olhos da
luz ofusca o real para refletir aparências e aprofundo o olhar com as emoções.
Agradeço e sigo.
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