Eu nunca fui um urso polar


Em minhas outras vidas, nunca fui um urso polar. Eles não devem sentir frio, como eu sinto a cada inverno que passo em Videira, mas este em especial é ainda mais intenso e nem toda a roupa do Mundo me aqueceria. Ah, aí está outra diferença que nos marca. Esses bichinhos lindos e selvagens não usam roupas. Têm pêlos [Os odeio! Todo mês, após o ciclo menstrual eu vou lá “naquela exorcista” e tiro todos, apenas com dó e piedade de mim mesma, por me infligir tal dor]! Na minha cidade o clima é frio durante três meses do ano, mas lá, no Círculo Polar Norte, o cenário é branquinho... de tanto gelo. Aqui, no máximo, tem umas geadinhas.


Tenho procurado ficar ignorante sobre a temperatura que faz diariamente na cidade. O ar cortante ao sair na rua já me diz que é baixa. As lágrimas começam a escorrer como se estivesse num choro convulsivo. Acabo me recolhendo cedo no inverno. Deito com frio e levanto tarde, com frio também. Eu e o Shazan, que só sai às ruas para suas necessidades básicas e volta correndo pra casa, para aproveitar o calor da cama. E o safado vai subindo aos poucos, dos pés para a altura do peio, sobre a coberta. Numa noite mais fria ele foi mais ousado. Ficou “face to face”.


A cada noite imagino porque meus hábitos não mudam com as estações. Por exemplo: Nada de fazer xixi de madrugada. É expressamente proibido no inverno. No banheiro mora o bicho ventania, que não tem corpo. Ele não é tátil. É incolor, inodoro e insípido. Mas faz tem voz. A língua que fala é estranha, mais parece um chiado. Uma coisa agoniante. Mas se fosse só isso, tudo bem, quando entro no banheiro ele me gela de tal jeito, que até parece que fiz alguma coisa a ele...


Depois do dilema do levantar da cama pela manhã, começo a pensar na hora do banho. Daí eu tenho a certeza de que nunca fui um urso polar mesmo! Esses bichos corajosos entram naquela água gélida, aliás, quando conseguem achar uma brecha no gelo em que se tornou o lago, para dar um mergulho. Nessas horas eu bem gostaria de ser um gato. Ficaria os dias me lambendo, suavemente, penteando meus pêlos sedosos. Mas como sou gente, tenho que encarar o chuveiro, que parece cada dia mais morno. Uma hora ele pára de esquentar de vez.


Enfim, talvez, em algum remoto momento passado, eu possa ter sido um urso polar. Esse aí por exemplo está se esbaldando sabiamente ao sol, sabe-se lá se não para aquecer o corpo? Assim o fiz esse domingo (30), quando o sol, por alguns minutos, surgiu na tarde cinza, iluminando e aquecendo por aqui. Joguei-me de braços abertos por alguns instantes, até perceber que a temperatura continuava baixa. E que então, deveria parar de lagartear. Hummm. Um lagarto...

Comentários

Nanda Assis disse…
menina a foto desse urso nadando me congelou bbbrrrrr, nossa aqui ta maior frio, mas imagino que ai no sul ta mais.

bjosss...
RosanaK disse…
Quanta inspiração que o frio te dá....
Eu ADORO o frio! Ainda mais quando se tem um cobertor de orelha e de pé pra ajudar, e um aquecedor e um lençol térmico! ADORO....
Elaine Gaspareto disse…
Olá!
Eu prefiro frio ao calor, mas o clima anda exagerando, né?
Beijos.
Gurias, eu gosto do inverno. Me encho de roupas para ficar quentinha, pq tirando o coração, o resto é mais do que fresco. Hehehe. Mas ultimamente n tá dando para aguentar.
* * *
Nanda, eu visitei as cidades do circuito do ouro em agosto, pensando que estaria o maior frio na região. QUe anda. Um calor, um tempo seco, que precisei de muito rapé para limpar as vias respiratórias.
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ROu, queridona, aproveita bem esse corpitcho. Faz o nêgo voltar magro pra estrada. Hehehe. Bjo no Sérgio.
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Elaine (que nome lindo!), hehehe, eu prefiro os dois. Mas frio eu gosto pra estar acompanhada, o q n é o meu caso, e verão para ir a praia, o que tb n é o que acontece comigo. BUUUUAAAAAÁÁÁ!

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