Repaginando-me

Bom, os amigos sabem que não tenho o hábito de assistir televisão. A programação da tevê aberta me desagrada e mesmo tendo acesso a tevê por assinatura em casa, ficar me programando para assistir a programas interessantes é uma chatice. Ou seja, não troco um evento social ou outras atividades para ficar em casa por que naquele dia ou naquele horário vai passar o filme, o documentário, ou o desenho que tanto esperava. Sempre que tenho nada para fazer, sento em frente a tevê de 29” daqui de casa e ligo a tevê e nada do que gostaria de assistir me interessa. Enfim, acho perda de tempo mesmo, ainda que sei que alguma coisa de útil, como notícias do país por exemplo, podem ser aproveitadas.
Porém, algumas coisas são clássicas, com ver Sex And The City, de segunda a quarta-feira, às 21h30 na Fox Life. E o pouco que assisti e continuo assistindo desta série me apaixona, me diverti e me influencia. A série, baseado num livro que leva o mesmo nome, foca as relações íntimas de quatro mulheres que eram amigas, três das quais nos trinta, e uma, Samantha, nos seus quarenta. Uma comédia de situação com elementos de telenovela, a série focou muitas vezes assuntos relevantes como o estatuto da mulher na sociedade atual. Gosto tanto do seriado, que muitas vezes fiz o teste para saber com qual personagem me identificava. Adivinhem? Sim! Sou a Samantha. No primeiro achei divertido, até porque gosto da personagem. Ela e a Miranda são minhas preferidas. Mas então pensei que era uma tremenda coincidência e respondi novamente, por mais duas vezes, de formas diferentes. O resultado foi o mesmo. Pensei novamente: “esta porra de site está viciado”, hehehe.
Embora ache a Carrie Bradshaw, personagem que trabalha como colunista de um jornal onde relata histórias sobre relações interpessoais e sexuais, uma chata de primeira categoria, foi nela que me inspirei para escrever a Prêt A Porter quando escrevei para a Folha Regional. Ainda bem que tive a sensatez de não enveredar sobre as “vírgulas” de se relacionar com pessoas na coluna. Videira não estaria preparada para tantas dúvidas interpessoais, sob o ponto de vista de uma mulher crítica demais e moralmente livre, digamos assim. Então, falava sobre tudo, menos o que queria, hehehe.
Eu e Carrie não teríamos nada em comum se fosse fazer uma comparação. Ela vive em Manhattam, Nova Iorque. Conta sempre com as suas três amigas: Samantha Jones, a típica loura fatal que trabalha como relações-públicas e está sempre atrás de um bom partido sem compromissos; Charlotte York, que trabalha numa galeria de artes, e é a romântica e sensível que busca sempre longos relacionamentos, embora nunca consiga ter um; e Miranda Hobbes, advogada, racional, e a mais prática de suas amigas, sempre sabendo o que quer da vida (ou quase isso). Porém, sempre quiz escrever uma coluna e iniciar minha carreira de escritora. Carrie fez isso, mesmo sendo uma personagem de televisão, completamente fictícia.
Isso me fez lembrar que estou num processo de repaginação da minha vida. Quando chega esse período do ano e da minha personalidade, começo sempre pelo lado mais fácil: o físico. Como sou gorda e uma dieta rigorosa, a base de verduras, legumes e frutas, está fora de questão, emagrecer nunca entra nos meus planos. Mas nada que uma boa tintura, um corte de cabelo e roupas novas não ajudem. É o que estou fazendo e curtindo pacas esse momento de transformação. O melhor de tudo, claro, sempre são os comentários alheios. É divertido ver o ar de surpresa das pessoas, quando decidimos mudar o visual ou o comportamento (isso está longe de mim por enquanto). Mas, mesmo gostando da percepção das pessoas com que convivo, faço isso por mim. Para o meu bem-estar, meu prazer e minha felicidade, ah, e com fico feliz e pobre, digo, mais pobre, nesses momentos.
Mudar o visual é a parte mais light, divertida e menos comprometida do meu plano de repaginação. O mais importante e difícil está mesmo no principal: os projetos profissionais que devem entrar em prática e os pessoais. Essa é a fase bruta e que sempre vai até um certo ponto, porque polemizar demais dentro de nós sempre acaba interferindo nas relações pessoais. Sempre respinga e muda muitas coisas. Mesmo sendo necessário ter que fazer isso, às vezes não se está preparado para as conseqüências de uma real mudança. Mas quero muito dar um prumo melhor para minha atuação como jornalista. Buscar novos espaços, oportunidades, aprimoramento, remuneração digna, relações profissionais, assim como também quero poder me relacionar melhor com meus amores. Dar aporte emocional a quem me ampara, manifestar mais afeto, amor, carinho, a quem vai de carona no meu coração, sem aprisionar ninguém dentro dele, sem prender ninguém nas minhas mãos, sem deixar que me prendam também, pelos meus amores. É trabalho árduo, mas eu sempre consigo alcançar grande parte das metas desse processo, onde cada página virada, é uma vitória cantada aos quatros cantos.
Num dos episódios desta semana, de Sex And The City, Carrie questionava porque nunca estamos satisfeitos com o que temos. No caso da personagem, que estava lançando seu primeiro livro com a coletânea de suas crônicas, a dúvida é: porque não se contentar com o sucesso no trabalho, a casa dos sonhos, mesmo que não tenha o homem de sua vida? Pois é, porque? Bom, pelo sim ou pelo não Carrie, só o que tenho a complementar neste caso é que tudo a seu tempo e momento. Já que a tevê reflete a vida real, para muitos, façamos como a Samantha. Tudo sem compromisso, até quando suportarmos.

Episódio de hoje
Samantha: “Se fosse me preocupar com tudo que as vadias falam sobre mim, estaria morta agora”.

Sex and the city

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