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E o português do Brasil, como fica?

Grande parte dos brasileiros tem dificuldade com a escrita e a compreensão do português brasileiro. Vários são os motivos, as causas desse déficit lingüístico. Entre eles está o processo ruim durante a alfabetização, problemas como dislexia ou outros de fundo psicopedagógicos ou fonoaudiólogos. Também podem ser por falta de oportunidades, entre outros fatores também. Para ilustrar com dados, o censo do IBGE de 2004 apontou que o país tinha até então 14,6 milhões de analfabetos, número que equivale a 11,8% da população de 15 anos de idade ou mais.
Fico imaginando como ficarão as pessoas que buscam aprimorar o português, por meio de cursos ou que estejam complementando sua formação, depois da mudança na língua portuguesa, prevista para daqui a dois anos. Ou então, as crianças em processo escolar, a formação de professores, entre outros. Como será a adaptação das mudanças que estão propostas na língua portuguesa? Não sei.
Para que todos entendam sobre as alterações propostas pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) farei aqui uma retrospectiva da origem de tudo. Em 1990 foi assinado o acordo ortográfico pelos oito países onde o português é o idioma oficial, mas a Academia Brasileira de Letras e a Academia de Ciências de Lisboa encabeçaram a mudança desde 1980. Quatro anos depois, as duas academias concluem a mudança. O acordo entraria em vigor este ano. Bastava a ratificação de todos os membros. Porém, apenas Brasil e Cabo Verde ratificaram.
Em 2001, no Brasil, o acordo é aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2004, os oito países propõem a retomada das negociações. É realizada uma mudança, que alterou a quantidade de países necessários para fazer a mudança. A partir de então, apenas três seriam necessários. Em dezembro do ano passado, São Tomé e Príncipe assinaram o acordo.
O problema é que os portugueses discordam das mudanças propostas pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Elas unificariam cerca de 90% da grafia da língua em nove países. Mas não alterariam o sentido das palavras em cada país. Segundo a CPLP, apenas 0,5% das regras do português do Brasil seriam alteradas. No caso de Portugal, a modificação seria de 1,5%. Das cinco grandes mudanças efetivadas no último século, nenhuma agradou a brasileiros e lusitanos
A proposta é interpretada com ressalva pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Os imortais vêem pontos positivos e negativos na mudança. Porém, eles não vêem mudanças imediatas para 2008 e 2009. Mas o governo federal, sim. O assessor especial do Ministério da Educação (MEC) para o assunto, Carlos Alberto Xavier, diz que em dois anos a mudança poderá chegar aos livros.
Com isso, a questão é como ficaremos nós, brasileiros, a mais uma mudança na língua portuguesa, perante a uma possível mudança? Os bancos escolares, as provas de vestibulares, concursos públicos são provas práticas de que o ensino da língua, da forma atual, já tem problemas. Fico imaginando como ficaremos com estas alterações, daqui a dois anos.

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