PRÊT-À-PORTER

Miscigenação Cultural e o porto-alegrês

Aqui em Videira ocorre um fenômeno cultural entre as pessoas, nos tempos de hoje. A mistura de tradições, costumes, crenças e origens entre vizinhos, famílias, amigos e colegas e o respeito que ocorre pelas diferenças, na maioria das vezes nessas relações.
Não é difícil ouvir pelas ruas, os diversos sotaques e os traços físicos nas faces e troncos das pessoas. Afinal, aqui temos árabes e demais representantes de países asiáticos e africanos. Eles vêem para o município desenvolver funções específicas no setor agroindustrial e, indiretamente, acabam integrando e formando a diversificação e renovação cultural da cidade.
É claro que tem culturas que se destacam pela maioria, que é a alemã e a italiana, esta última principalmente. Povos que fundaram o município e contribuíram para a formação dos costumes locais, há mais de 60 anos. Mas, o que sempre me surpreendeu aqui é a jovialidade da população e a inserção deles - oriundos dos estados que compõem a região Sul - no fomento desse processo sócio-cultural em evolução. Eu mesma sou um exemplo disto.
Não que antigamente não houvesse, já que os nacionais de origem italiana vieram, em parte do RS e aqui se instalaram enquanto Videira ainda não havia sido emancipada. Porém, jovens e adultos dos três Estados estão se agregando, discretamente, e compondo o índice demográfico. Uns formam até famílias e fixam residências, numa miscigenação cultural que comprova a receptividade dos nativos. Não eximo os pré-conceitos com os forasteiros e suas culturas, mas está em menor índice do que a acolhida. Basta apertar um pouco a visão, aguçar todos os sentidos e apurar a percepção para confirmar que, no final, todos são bem-vindos.
São pessoas que aqui estão para suprir necessidades específicas do mercado de trabalho e além de suas experiências, expectativas, trazem consigo novos termos da tão diversificada língua portuguesa. Não são dialetos, mas gírias ou falas coloquiais que compõe o linguajar desses povos. O “piá” ou “piazão” - termo indicativo ao menino ou a um jovem homem - que já não sei se vem do Paraná ou é daqui mesmo, dos catarinenses. Eu, como todo gaúcho, chamo de guri mesmo. Mas tem outra expressão, muito utilizada pelos gaúchos da capital gaúcha, que também serve para o mesmo fim: “magrão”. No meu vocabulário inseri alguns termos e expressões também. Um que gosto bastante, e que refere-se a estranheza de algo, é: “olha o tipo...”
O escritor e professor gaúcho Luiz Augusto Fischer lançou, há algum tempo, pela editora Artes e Ofício, o Dicionário de Porto-alegrês. Ele explica as expressões idiomáticas usadas na capital do estado vizinho, de forma divertida, o que garantiu o sucesso do livro na época. Por e-mail recebi alguns “verbetes”, mas sabem como é, não dá para garantir a autoria deles quando a origem do conteúdo é a www. De qualquer forma, é “tri legal” e muito usada pelos porto-alegrenses.
Baita - Baita é baita. É muito grande. O fulano é baita parceiro. A fulana é baita gostosa.
Balaqueiro - Indivíduo provido de pseudo-malandragem. Metido, cheio de onda. Enfeitado.
Chinelão - Xingamento que designa indivíduo com pouca classe, desarrumado, sem muito traquejo social. E mais um pouco.
De cara - Chocado, surpreso e até mesmo magoado. Tudo junto. “Ô meu, o fulano tá de cara contigo!” Também pode significar o sujeito que não está sob algum estado alterado de consciência.
De rachar - Geralmente refere-se as condições climáticas. “Bah, hoje tá fazendo um frio de rachar os beiços”.
Hugo - Onomatopéia típica para o vômito. “Bah, ontem cheguei em casa mamado e chamei o hugo”.
Indiada - Situação pouco agradável, programa indesejado. “Bah, o fulano me mete em cada indiada”.
Lagarteando - Diz-se do sujeito que está ao sol, aquecendo-se. “Hoje tá bom pra pegar um chimas e ir pra Redença (Parque Farroupilha), lagartear”.
Lomba - Lomba é lomba, ora. Mas no resto do país é ladeira.
Me abri pra ti - Algo como: ”tu é o cara mesmo!” Tirei o chapéu.
Pra tu vê - Expressão usada para indicar a confirmação e/ou surpresa em determinada situação. “Me deu um pé na bunda. Pra tu vê como são as coisas”.
Se escalar - Ato de tirar proveito da bondade alheia. “A pinta já foi se escalando pro churras.”
Te liga - Usado para chamar a atenção do indivíduo. “Te liga, magrão”.

Comentários

Anônimo disse…
Querida, já estava preocupada! demorou para postar, e sei que isso não é de costume! rs. Adorei saber um pouquinho da população de Videira, que é tão diversificada. "Verbetes" diferentes... rsrs até ri com alguns... beeijos!!
Oi Elaine..interessante estas expresões populares..faltou o porra-loca q conheci esta semana...desc.: ato ou efeito de perguntar de forma estranha! hehehe... a Sil é um anjinho, creio eu...Beijo e este resfriado q enche as bolas
Celle: é verdade. nem eu estava me reconhecendo mais. vou remediar isso hoje. bjo querida e obrigada pela visita.
Ia: sim, ela um anjo de uma asa só, mas esta tá conta dela, de mim, do Sha e de quem mais quiser se abrigar no ninho. e o porra-loka não entrou porque é muito ultrapassado. hehehe.
Escrivinhadora disse…
Adorei o dicionário portoalegrês.
E sobre o teu comentário, bebeu, né? Nem tão me pagando fortuna, nem estão relacionados com o assunto, infelizmente. É só mais um dos posts que eu coloco pq acho legal ou importante, mas que mais infelizmente ainda, não dão grana nenhuma... :-P
Escrivinhadora disse…
A propósito: o show BOMBOU!!!

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