Furtado do Periférico



21.3.07

Crônica de um homem louco
O que fazer quando tudo começa a dar errado na sua vida? Tem gente que se mata enquanto outros enlouquecem. E apesar de eu jamais pensar na primeira alternativa sou capaz de entender certos indivíduos que metem uma bala nos cornos quando as coisas não vão bem.


Mas o que fazer, torno a perguntar. Talvez esperar a nuvem passar, não sei.

O fato é que normalmente a vida é boa e a gente é que a complica. Eu, por exemplo, tenho motivos de sobra para comemorar. Mas sabe quando várias pequenas coisinhas não funcionam? É como se alguém lá em cima estivesse manipulando as cordinhas pra que a vida ficasse ainda mais quadrada. Você sai na rua, começa a chover e quando volta pra casa a chuva passa. Do nada lhe aparecem verrugas na sola do pé de modo que fazem você mancar feito um besta. Você chega cansado do trabalho e vai apertar o botão do elevador e segundos antes ele foge para o último andar. A empresa diz que durante dois anos você não verá a cor do seu dinheiro, que a coisa tá difícil (oh, really!). Sem contar que tem sempre algum esperto querendo tirar de você mais dinheiro do que você deve. Tudo dá errado. Todas as coisas boas que poderiam lhe acontecer acabam se desencontrando e gerando caos.

De repente, num belo dia chuvoso, a moça da imobiliária liga dizendo que eu tenho 4 anos de IPTU atrasado para pagar. Tudo porque houve um erro no sistema da prefeitura.

- Tá, mas... isso aconteceu com várias pessoas, né...

(...)

- O quê? SÓ COMIGO?

Comecei a rir em voz alta. Olhei para a minha colega do lado que não entendia nada. E eu ria e ria até me faltar fôlego. Dava gargalhadas sem fim. Dos outros setores dava pra ver as cabeças surgindo por detrás das divisórias pra saber quem ria de modo tão... "desesperado".

Foi quando peguei um taco de beisebol e comecei a quebrar tudo. Desde o telefone, o computador do chefe até a mesa do cafezinho. E quando ameacei quebrar a jarra de café, meia-dúzia de colegas saltou para cima de mim a fim evitar tamanha catástrofe. Lembro de alguém dizer: - o café, não. E em seguida tudo ficou escuro.

Acordei vestido com uma jaqueta branca, com os braços amarrados para trás e sozinho numa sala com paredes almofadadas e um espelho. O lugar é bem tranqüilo, aliás, e eles dão uns comprimidinhos bem bacanas.

Mas a jaqueta eu não recomendo. Ela faz você ouvir vozes.
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Furtei sem culpa nenhuma. O texto é bom. Está bem construído, os diálogos e as idéias aplicadas de forma verossímel. Aliás, o EV é bem criterioso quando escreve e deve ser ainda mais antes de publicar. Não me lembro de ver erros de digitação ou concordância. Parabéns relaxado, gosto de ir passear pelo periférico. É divertido e agradável. Sempre.

Ah, a ilustração é por minha conta. Hehehehe.

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