Protetor de tela

Como protetor de tela do meu computador eu tenho uma foto. A minha imagem, no centro, vestida com o traje de formatura e com o canudo na mão, e ao meu lado, meu pai amado e minha mãe querida.
Cada vez que ligo o Fred penso na batalha diária dos dois, em Porto Alegre, e penso que não tenho o direito de desistir. Que não posso me entregar e nem desanimar frente as dificuldades, porque eu tenho todos os membros ainda e não fui vítima de uma AVC. Porque embora todos os abalos emocionais e as dívidas, eu não tenho filhos para me preocupar ou amparar, sem ter como faze-lo.
Olhar esta foto me dá forças sempre, ao ver a alegria estampada no rosto dos meus pais e, até, na minha face. Faz tão pouco tempo e tanta coisa aconteceu desde lá que as mudanças não são visíveis nas expressões, mas no coração.
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Aos poucos eu vou lembrando de situações importantes para mim e revivendo as cenas e as reações. Me vejo sentada em um dos bancos que fica próximo ao espelho d’água do Parque Farroupilha (Redenção), com uma sensação de alívio por ter concluído o curso. Por ter passado pela argüição da banca avaliadora do Trabalho de Conclusão de Curso, com nota máxima.
Na época, a primeira pessoa para quem liguei foi a Lú Franco, que me deu total apoio nas duas edições da produção do TCC. Minha coordenadora de estágio, que me deu folga, sugeriu formas de produção, me ensinou assessoria de comunicação, a escrever, a ser justa e ética. Ali, no meio do parque, num final de tarde ensolarado, de dezembro, vendo as pessoas se exercitando, com um cigarro numa mão, o celular Ericson tijolão na outra, falando aliviada do final de uma etapa.
Outro momento importante para mim foi me descobrir apaixonada, pela primeira vez, aos 31 anos de idade. Um sentimento que chegou tardio, mas arrasador. Foi numa manhã de segunda, depois de uma noite mal dormida por causa de uma dor de cabeça infernal e de um celular que não parava de bipar.
Foi na volta de uma viagem insólita para Porto Alegre. Final de semana de aula. Ida de mau humor, era o prelúdio de um sentimento que não tinha menor noção do que seria, e retorno numa noite fria. Carro estragado. Pouso no final do caminho.
Quando amanheceu, o carro foi para o conserto e eu para o café da manhã. Mais uma vez eu pego o celular e ligo uma amiga. A Márcia. Que antes de mim já sabia do que ia dentro do meu ser. Ela só errou em relação ao outro.

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