A Espera



by Nuno Martins

O desacerto contínuo de um momento de solidão invade-me,
atormenta-me e adormece-me lentamente,
quase trazendo até mim uma sonolência e uma enfermidade doentia e inoperante.
Lenta esta agonia,
este tempo estúpido e mesquinho na espera de algo,
cujo sabor me parece insípido e cuja coloração assume contornos de invisível e simultâneamente de opaco.
Conto os minutos,
os valiosos segundos que se gastam e me envelhecem nesta espera.
Nada cresço, nada de novo me apraz registar...
Morro suavemente com o passar das horas,
numa reclusão concedida
e dela necessitando para meu sustento.
Rodeado de paredes decoradas por embustes estrategicamente colocados,
desafio a minha resistência,
testo a minha capacidade de sacrifício,
paciência,
aguardando que qualquer presa me visite
e possa cair na minha rede de argumentos.
Afinal, mais do que qualquer outra espera,
situo nesta toda a minha capacidade física e mental,
características e aptidões.
Ainda que me sinta envelhecer de um modo precoce,
mantenho-me ciente dos meus níveis de saturação de limite humano.
É esta uma das minhas muitas vidas...

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fui retribuir a visita e me deparei com textos lindos e sensíveis. recomendo o blog dele. passem lá e vejam. dá de 1000 a zero no meu, que tem tido palavras sentidas.

http://www.krigsmjod.blogspot.com/

Comentários

MIG-L disse…
Com que então, a menina apropria-se do meu texto com que direito? :)
Estou a brincar ctg. Fiquei muito feliz por teres gostado e publicado um texto meu no teu cantinho de escrita. Manda-me um mail para arkan@mail.pt Dir-te-ei depois o meu endereço de msn. Um grd beijinho. Nuno.

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