Sem lar

Sá e Guarabira cantavam: Meu lar está aonde estão meus sapatos. Eu tenho calçados em dois locais. Em Porto Alegre, na casa dos meus pais, aonde eu ainda chamo de casa. E também tenho sapatos em Videira, no latifúndio. Lugar aonde também chamo de casa. Se for por eles, então eu tenho lar, tenho dois.
Antes de viajar para Porto Alegre, a fim de realizar a viagem para Montevidéo, na semana passada, eu perguntei para a Silvia aonde era o lar dela. Imaginando já qual seria a resposta, mesmo assim fiz a pergunta. Ela é paranaense, mas morou muito tempo em Joaçaba, e antes disso, pelo mundo... Pensei que poderia ser diferente, que fosse Joaçaba, aonde ficam seus amigos, aonde mora o Riva, seu noivo, mas, a primeira impressão se confirmou. O lar dela é aqui. Respondeu sem titubear.
Eu, aos poucos vim trazendo de casa, os objetos que pensava serem os mais importantes para mim. Mas, avaliando agora, só o que tenho aqui são objetos de primeira necessidade. Roupas, sapatos, meus colares e brincos (sim, são objetos de primeira necessidade para mim, hehehe), o Fredy Astaire. Coisas que posso levar para qualquer lugar.
A Silvia me disse que quando chegasse em Porto, iria sentir falta de Videira. Mas, o que sempre acontece quando chego as portas da cidade não aconteceu. “As luzes da cidade acesas, clareando tudo sobre a mesa...” não me fizeram chorar, como de costume. Foi o primeiro indício: Porto Alegre não é mais o meu lar. E os dias em que passei fora daqui, também não me trouxe saudades. Não senti falta do cotidiano, nem das pessoas, como sempre acontecia. Então, veio o segundo indício: Videira também não é mais o meu lar, se é que algum dia foi.
Isso tudo não quer dizer que não gosto mais de quem eu sempre disse amar. Pelo contrário. Estou aprendendo a guarda-las, carrega-las sempre comigo, aonde eu estiver. Agora já sei o valor do MSN e dos Emails, pois posso ver todas as pessoas amigas conectadas com o mundo. Também sei que o telefone é insubstituível, pois posso falar com meus pais, contar da “morte da bezerra”, mesmo que o interurbano saia caro. E quando volto para “casa”, posso abraçar todo mundo, sem nem sequer ter passado mais do que 8h longe de todo mundo...Então, estou sem lar... Como canta Rogério (Jota Quest), se quiserem saber aonde estou, “onde o sol estiver, é pra lá que vou”.

Comentários

Postagens mais visitadas